Crianças eternas.

Vocês sabem de quem estou falando?

Não estou falando dessas crianças que crescem, tornam-se adultos e independentes. Estou falando dos nossos animaizinhos de estimação que tanto amamos. Quer dizer, nem todos amam. Se amar é cuidar, proteger, zelar, e nesse caso são atitudes que devem perpetuar-se até o fim da existência do bichinho, então não, nem todos amam seus bichinhos. A prova disso é o número cada vez mais crescente de amimais abandonados que vemos nas ruas. Eles comem restos dos lixos, comidas estragadas, muitas vezes com sacola e tudo. Aí os rapazes do caminhão da limpeza vêm “recolher” o lixo, mas as sacolas abertas ficam ali. Eles não recolhem sobre o argumento de que as sacolas devem estar bem fechadas. E aquela sacola fica ali espalhada na rua, com restos de alimentos que vão fermentando e estragando ainda mais. E que serão o quê? O alimento dos cãezinhos de rua. Ah mas ele era tão bonitinho quando sua dona ou seu dono o adotou, mas depois cresceu, o volume de coco aumentou e ele começou a comer mais. E então foi mais fácil abandonar. Quantos animais vivem nas ruas e nem por isso morrem, não é? E o que falar daqueles que criam casais de cachorros sobre o pretexto de fazer seu cãozinho cruzar? Pra quê criatura? Para aumentar o número de animais abandonados?

Na minha opinião, só deveriam ter permissão para criar (sim, criar) cachorros, pessoas com condições para tal. Pessoas com discernimento e bom senso que, se escolhessem ter um casal de animal, que fosse porque têm condições financeiras e a decência de castrá-los para evitar o crescimento desenfreado dessas criaturas que tanto sofrem por falta de cuidados quando são abandonados. Muitas vezes até mesmo dentro de casa. Canso de ver famílias com um monte de cachorro no quintal. Com certeza não têm condições de comprar uma boa ração para seus cãezinhos, claro, devido ao número da cachorrada. E então seus donos, no intuito de fazer render a ração, que já não é de boa qualidade, as misturam com restos de comida, estragando dessa forma, a barriguinha do pobre cachorro. Isso quando compram ração. Sei da existência de várias famílias, cuja refeição de seus cachorros consiste somente em restos de comida humana. Essas famílias não sabem que ao dar osso de galinha, seu cãozinho não vai mastigar bem quebrando em vários pedaços aquele osso. Não sabem que as pontas daquele osso de galinha podem perfurar o intestino do cão, resultando em uma infecção que muitas vezes pode levá-lo à morte. Sem falar que a comida que comemos faz mal a eles. E os coitados dos cachorros abandonados que só se alimentam de lixo? De onde vieram? Com certeza já tiveram um dono.

Culpa de quem? Dos donos despreparados para cuidar de cachorros? Do governo que fecha os olhos para essa triste realidade? Da sociedade que finge que não vê o que acontece diante de seus olhos? Sim. Culpa de todos nós.

“Ah mas cachorro de rua não é problema meu! Eu cuido dos meus cachorros!” Não meu querido ou minha querida. As doenças que esses animais de rua podem desenvolver é problema de todos nós, pois pode afetar qualquer um. Quanto mais cachorro nas ruas, mais cocos por aí, mais moscam que sentam nesses cocos, e depois vai para sua casa sentar na sua comida e transmitir-lhes doenças. Sim, porque você pense na quantidade de bactérias prejudiciais que deve haver nos cocos desses animais que se alimentam de comida estragada?

Bem, mas como para adotar um cachorro não há exigências de um curso preparatório, apresentação de comprovante de renda, e pior: não há uma política que olhe para esses seres com intenção de proteção, nem multa por abando e/ou maus tratos, o problema está longe de ser resolvido.

O qeu fazer então? Bem, a gente pode começar cuidando bem dos nossos cães. Garantindo uma alimentação de qualidade. Mantendo nossos quintais, que são os banheiros deles, limpos. Tentando não misturar crias de machos com fêmeas, a menos que tenhamos condições de arcar com as despesas, que não são poucas, com os filhotes destes. E na maioria das vezes, a gente não tem condições. Nem os ricos, que têm, não se enchem de cachorros como os pobres. Quando muito, têm um, de pequeno porte, que é para não ficar juntando muito coco do chão e não gastar muito dinheiro com ração. Já o pobre, nossa! Tem o coração enorme. E jura que ama seu bichinho, mesmo dando osso de galinha para ele comer, deixando as fêmeas sofrerem com partos frequentes e depois se lascando em arrumar donos para os nascentes, sem se preocupar se esses “pais” adotivos vão cuidar bem deles. O importante é se livrar logo.

Quanto aos cachorrinhos de rua, já que não podemos salvar o mundo, o que podemos fazer? Amarrar bem as sacolas de lixo já é um bom começo. Porque se a sacola estiver bem fechada, o cheiro da comida não vai sair e chamar a atenção dos cachorros. Sempre há um cidadão de bom coração que deixa um potinho com ração e água do lado de fora do portão, para esses anjinhos abandonados. Se na sua cidade houver uma instituição que recolha e cuide desses animais, você pode fazer uma ligação. Já está ajudando.

Seja qual for a situação, as pessoas têm que se conscientizar que animal de estimação é uma RESPONSABILIDADE. Vejo esses animais como um ser mais especial que uma criança por um único motivo: a criança vai crescer, vai aprender sozinha a conseguir comida, vai se tornar independente. Os cachorros, não. Vão sempre depender de seus donos para comer, para tomar água, para ter um lugar para dormir, para evitar a prenhes, para viver. Então, pense antes de adotar um cachorro ou deixar sua cadela engravidar. Se você não quer responsabilidade, cultive flores de papel. Essas não precisam de cuidados, não comem, não tomam água e não perfilham.

Joalice Dias Amorim (Jô)
Enviado por Joalice Dias Amorim (Jô) em 17/06/2016
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