A gravidez do poeta
Como a mãe prestes a dar a luz,
O poeta tem as sensações do parto,
A ansiedade de ver o pedacinho de si,
Enquanto sangra entre as letras
E lá vai o poeta,
Pronto para entregar ao mundo o que esteve dentro dele
Causando-lhe dor, insonia e confusões de sentimentos
Pobre poeta, mesmo em silêncio ouço seu grito,
Cada frase um gemido
Chega o momento do nascimento
O poeta sente-se aliviado
Por um momento a dor cessa
E vem apenas a preocupação de que seu fruto seja amado por terceiros
E que não se corrompa em mãos erradas
Pobre poeta,
De tempos em tempos engravida,
Uns todos os dias, outros nos desamores
Mas no final a hora do parto chega,
E lá vai o poeta novamente,
Sangrando,
É hora de dar luz ao mundo