A dor.

A DOR

Eu conheço a dor de não ter pai;

Eu conheço a dor de não ter sido pai.

Eu conheço a dor de ter que ter medo;

Eu conheço a dor de ter que ter segredos.

Eu conheço a dor de um estômago vazio;

Eu conheço a dor do sexo por cio.

Eu conheço a dor de tanta dor que existe;

E até a dor de tudo que ja disse.

Eu conheço a dor que sinto agora;

Não parece, mas é a mesma de outrora.

Que me mexe, remexe em silêncio;

E me consome como incêndio.

A dor mais bonita, a dor mais penúria;

A dor da doença, da raiva e loucura.

A dor de perder, ganhar ou viver;

Nenhuma é tão doída, quanto a dor do querer.

Ubiratã Pinto.