O REALISMO OTIMISTA E A POLÍTICA DO PERDÃO

Este texto foi originalmente escrito como comentário no RL para um artigo de Bernard Gontier, The Politica of Esputo e um outro no Facebook, para um conto de Fernando Cyrino, O Andarilho. Este está disponível aqui.

Olá Bernard! Eu sou com o Brasil um realista-otimista, algo que por definição não existe, mas não acho algo melhor para explicar. Acredito que existe sim algo chamado caráter nacional, e que diferente do que a maioria pensa, nosso cambaleado país tem o seu. E aí funciona um pouco como família; vocë não escolhe, mas ama mesmo assim. E quer melhorar, fugir, reencontrar, socar. E eu posso falar mal, mais ninguém! Legal o que escreveu sobre Marighella. Eu tenho uma tese de que a moderna criminalidade brasileira é um fruto do encontro da bandidagem comum com a esquerda armada, temperada por uma visão politicamente correta (fora os extremos, existe isso em uma democracia?) sobre os problemas sociais. Sendo um canalha conservador, mas seguindo um pensamento lógico; se eu crio políticas que facilitam a vida dos menores infratores, tenho que esperar que o número delas cresça, não é? Mas uma pitada de esperança ao nosso estilo, com exemplos históricos: Na Segunda Guerra, tanto a Dinamarca quanto a Itália, aliadas da Alemanha, se recusavam a ajudar na Solução Final do problema judeu. Cada um ao seu estilo, o país escandinavo através de oposição aberta, o latino através de engodo e entraves burocráticos. Algo incrível aconteceu com os funcionários que foram mandados para resolver o problema. Estes acabavam por perder a tempera e a fé sobre o assunto. Pelo que tenho visto do Judiciário, acho que nossa vocação estatal, onde as instituições tendem a sempre estarem parecendo representar um papel, afetou quase todos os indicados. Diferente da Venezuela, EUA, Alemanha nazista, França do início do século no caso Dreyfus, parecido com a Inglaterra. Deve ser essa coisa nossa de fazer as coisas para inglês ver... Um abraço!

Em a Condição Humana, Hannah Arendt expõe a importância do perdão como ferramenta política. A partir do momento que se perdoa, se começa de novo. Sem ele a história se torna muito semelhante as vendettas entre grandes famílias , sem fim até que uma delas acabe. Só que as duas sangram no processo. O comum é alguma força de fora conseguir tomar o poder pelo enfraquecimento que as partes se impõe. Vide a guerra entre Israel e Judá, que terminou com a destruição de um e o cativeiro de outro Um dos segredos da formação do Império Romano é que eles o utilizavam frequentemente. Diz a lenda que Cipião, o Africano, predisse a queda de Roma quando esta destruiu Cartago, porque não conseguiu entrar em um modus vivendi com ela. Isso cresceu com o advento da doutrina de Jesus, baseada no perdão. Esse é o grande feito do Mandela. Ter impedido a vingança dos negros contra os brancos na Africa do Sul, o que destruiria o país. E o do general que cessou o massacre em Ruanda, dos americanos na Alemanha e no Japão. Desculpem, quando começo a falar de história me empolgo...

Aristoteles da Silva
Enviado por Aristoteles da Silva em 31/07/2016
Código do texto: T5714896
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