Destinos

O mar não se desculpa quando destrói  um castelo de areia, o castelo é que não deveria estar ali em seu caminho.

A água, movida pela ação dos ventos e da lua, tenta se deter e desviar,  talvez sofra enquanto arrasta o delicado castelo,  tão desarmado diante de sua imensidão...


Por um brevíssimo instante antes do fatídico encontro, mar e castelo se contemplam em uma imagem perfeita.

Mas o mar não sabe fazer outra coisa além de se espraiar, jogar suas ondas, escavar a areia que encontra pela frente.

E então não há mais castelo. O mar recua e prossegue, desolado, destruindo outros sonhos, sentimentos e corações.

 O mar e o  frágil castelo apenas cumprem os seus inexoráveis destinos.

Talvez  seja por isso que as águas do mar são salgadas... como as lágrimas.


...
Iolanda Pinheiro.


 
INTERAÇÃO COM O SEU DESTINO


Castelos de areia e mares
Mares e castelos de areia
Interpretados como díspares
Num mundo que se incendeia

E na imprecisão de um sentimento
Lâmina de fogo descuidado
Disparada pelo dizer do momento
Põe a perder doce mundo delicado

E onde havia ontem uma fortaleza
Estende-se hoje tapete branco mutante
Onde havia enlace de pureza
Estende-se memória relutante

E na insistência do bem querer
Que é do coração sua natureza
Destino inexorável do viver
Mar e castelo aspiram à singeleza


Com gratidão
Te amo


interação com -Destinos- de Iolanda Pinheiro

 
Carlos Henrique Fernandes Gomes

Escrivaninha do meu amor:

http://www.recantodasletras.com.br/autores/carloshfgomes
Interação do Amigo E. Silva. Muito obrigada, querido.
Ah. ..se o castelo soubesse nadar
viajaria por todos oceanos
e até quem sabe
conteria dentro de si tal mar


Análise da amiga e poetisa recantista EDNA FRIGATO:

Edna Frigato
Bela alegoria escolheste para representar os ciclos da vida Iolanda: o mar. E o castelo de areia representando os sentimentos. Ambos tão exatos, tão perfeitos, tão completos...E a vida é assim, como as ondas, independente do nosso sentir ou querer ela segue seu curso, rompe barreiras e fecha seus ciclos. Nós, meros espectadores desse espetáculo maravilhoso, cara a cara com ela, a olhamos com olhar pedinte, de criança na iminência de ter seu brinquedo tão amado arrancado de suas mãos, mas ela impiedosa, obedece apenas seus desígnios, e leva com ela nossos sonhos. No entanto, essas mesmas ondas que transformou nossos sentimentos em areia, nos traz novos sonhos na profusão de cores da aurora, e nós novamente sonhamos, mais uma vez construímos castelos, mesmo sabendo que a qualquer momento eles podem ser levados pelas ondas. Mas, é esse ciclo inexorável não? O mar cumpre o seu papel, e nós também o nosso. Como já dizia o Poeta:"somos feitos da mesma matéria que é feita os sonhos." Como disseste tão lindamente, fechando seu pensamento com chave de ouro: talvez seja exatamente por isso, que assim como as águas do mar, nossas lágrimas também são salgadas. Parabéns, amiga pelo pensamento metaforicamente real e tão lindo!