O amor é morno, mas a paixão, Ah! a paixão é como o chocolate do bolo de cenoura

Certa vez alguém me disse que o amor era morno.

Que a paixão é quem desconcertava, cegava e ensurdecia.

No momento em que eu ouvi, ainda na defensiva pelas circunstâncias do término de um relacionamento, julguei que a pessoa estava errada e fiquei pensando a respeito nos dias que seguiram e cheguei à conclusão de que não é o amor que é cego como sempre ouvi dizer e sim a paixão!

A paixão é tão necessária quanto o amor, pois ela nos faz enxergar o outro, de forma que os defeitos do outro sejam minimizados ao tamanho de uma formiga e nos dá tempo de aprender a amar aquele ser que só a mãe dele ama e tem paciência de verdade!

Sim, a paixão é o que abre os nossos poros, aguça nossos sentidos e fecha nossos olhos e ouvidos para qualquer opinião contrária ao que o outro nos faz ver e sentir.

Sim, o amor é morno, é calmaria. É aquele sentimento que a paixão encobre e ao mesmo tempo mostra de forma abstrata e, que você só descobrirá se ele existe de fato, quando a paixão abandonar o barco!

O amor é aquele sentimento que te faz olhar pro outro e percorrer em segundos toda a trajetória de vocês e ao final desse micro filme, sem que a pessoa perceba estar sendo observada, sorrir com o sentimento de que cada segundo valeu a pena.

A paixão nos faz flutuar perdidos, sorrir a toa pelos cantos, dançar no metrô sem perceber, ouvindo qualquer música brega no último volume no fone de ouvido sem nos preocuparmos com o que os outros vão pensar.

O amor nos faz sentir seguro no abraço meio solto depois do amor consumado. Nos faz olhar para o outro com todos os seus defeitos, reconhecê-los, aceitá-los mas sem justificá-los e sobretudo, amar todas aquelas qualidades que a propósito, é só o que a paixão não só mostra, como acentua no início dos relacionamentos.

A paixão é como o chocolate do bolo de cenoura, que faz a gente comer a parte do bolo sem cobertura sem o mesmo prazer. E sim, ela acaba. Acaba pra quem opta em comer somente a parte do chocolate e deixar o restante no prato e pegar um outro pedaço.

O amor é fazer um pouco mais de cobertura e agradar o paladar sentimental do outro. É perceber quando está oferecendo ou aceitando somente a parte sem chocolate do bolo.

Sim, o amor é morno, porque é brasa que nunca se apaga, mas que basta assoprar com paciência, carinho e principalmente consideração por todo o caminho trilhado juntos, que reacende e transborda chocolate ou a cobertura que você desejar.

Muitas vezes em relacionamentos longos, em meio aos problemas do cotidiano, às contas atrasadas, à falta de tempo, ao gênio forte, teimoso e irritante do outro, temos a sensação de que se aquele bolo acabar, tudo bem! afinal, "já estou cansada mesmo de bolo de cenoura sem chocolate". E então, em uma briga mais calorosa, decide-se que o amor, a paixão, acabou alí! E esquecemos que as vezes, falta um pouco mais de chocolate alí.

E os caminhos se bifurcam, se separam... E é só então que nos damos conta do quanto era bom aquele bolo de cenoura, até quando estava sem cobertura!