Da Bababelização Pós-Moderna/Pré-Apocalíptica

O nosso tempo, podeis concordar comigo quanto a isso que sigo a dizer, é marcado, dentre outros elementos sui generis a esta época pós-moderna/pré-apocalíptica (muito bem descrita na síntese poética de José Paulo Paes*), a Era da Babelização da Comunicação Humana. Prestes a cruzarmos o Rubycoin** (talvez já o tenhamos feito num ou noutros pontos; como se fosse possível fazê-lo, claro), já comprometemos as relações humanas mais próximas (em termos físicos; computadores e celulares esfriaram essas relações).***

Ademais... A impossibilidade de grande parte do vulgo se manifestar sem invadir o espaço alheio (seja ouvindo "música" num volume que não vá incomodar ninguém próximo, seja ocupando de modo único e exclusivo o lugar que lhe diz respeito, por exemplo, nos transportes coletivos aponta para a fragilidade (ferida e, sem exageros, inúmeras vezes violentada) do lugar e da vez do Outro. Ego habitum totum. Latim precaríssimo esse, vale mais pela intenção de dizer que "eu vivo em todo lugar". Afinal, que é o "Outro"? Outro pode ser substituído por outros e ainda outros. Que o que importa, quem realmente importa sou eu -- passageiro, único e espécie em distinção.

Vale a pena citar, para efeitos de sentido e advertência, um outro trocadilho de rara beleza, por si só: "Em terra de Ego, quem vê o Outro é Rei." O Re(i)ferido é verdade e dou fé.

ObriGrato.

W.V. Fochetto Junior

NOTA

* No poema concreto

A.C.

D.C.

W.C.

** Explicatraduzindo a "piada": optei por manter o nome do rio italiano em inglês pois é o idioma da maior potência mundial. Ademais, sirvo-me de um trocadilho entre o mesmo nome e a palavra "coin" (ficha), o que resulta na possibilidade de lermos "Ficha de Rubi". Doravante cumpre ao atento e dedicado leitor prosseguir com suas próprias conclusões acerca de minha intenção quanto ao trocadilho.

*** Ironicamente, este texto é redigido num computador e por um usuário de celular como qualquer outro.