Varize, saia e vitória

Aaaah o corpo.

Ponto sempre delicado a ser falado, principalmente para mulheres que, assim como eu, não são "padrão de revista".

Por muito tempo me culpei, me julguei e não aceitei pontos que são meus e que me tornam única...

Um dos mais marcantes, foi que passei a adolescência toda escondendo uma veia (pode ler varize, se quiser) que ficava na parte de trás logo acima do joelho, coisa que notei quando tinha os meus 7 ou 8 anos, e bastou alguém perceber e me falar para nunca mais usar nada acima do joelho, fosse saia ou shorts.

Anos e anos se passaram e aquilo me aflingia de uma forma difícil de descrever, quem nunca teve um ponto que detestava não sabe o que é isso.

Sentir a raiva, tristeza, vergonha... Até que um dia entendi: eu não ia mudar aquilo, então eu parei de deixar que me fizesse de refém. Me libertei.

Bastou uma mudança no meu pensamente para que algo que me gerava tantos sentimentos ruins, que me possuía, fosse apagado. Apagado não, mas aceito. Como um "diferencial" que apenas eu tenho, que me faz particular e única.

E, muitos anos depois, estava passeando de vestido pela cidade e encontrei um rapaz que namorei 3 anos, enquanto conversamos ele viu e me perguntou se havia me machucado, eu ri e disse que já tinha a anos. Ainda lembro do rosto dele incrédulo, de 3 anos de namoro sem perceber. E, em resposta, meu riso fácil de quem enterrou completamente um medo. De quem é tão interessante que algo assim passou despercebido por tantos anos. De quem nunca mais sentirá medo ou vergonha daquilo.

Hoje, quando me visto e vejo ela lá, chego a rir.

Rir porque é uma marca permanente de vitória, como uma cicatriz de guerra.

E foi umas das vitórias mais importantes que eu poderia ter: de mim contra minha mente cheia de "padrões de beleza".

Claro que ainda travo várias pequenas batalhas dentro de mim, sempre. Mas estou melhorando e me tornando mais feliz a cada batalha ganha.

E tudo mudou depois da minha primeira vitória, contra aquela veiazinha que tanto me perturbou... Até eu me surpreendi com o tamanho do poder que tenho dentro de mim.

Vania Afonso
Enviado por Vania Afonso em 12/09/2016
Reeditado em 11/10/2016
Código do texto: T5759004
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