Desabafo

Que estranho é ter consciência... Quando não se tem, simplesmente vive-se, inconseqüentemente... Quando, da primeira vez, não a tive, simplesmente vivi... mas quando a experiência nos ensina a temer... como desejei permanecer pra sempre naquele momento... como desejei morrer daquela forma, em seus braços, desejei que o tempo parasse, ou que as chamas que nos acalentavam nos consumissem... Como temia o momento em que aqueles braços não mais me protegeriam... como sinto-me fraca longe deles...

Mas a experiência, da mesma forma torna-nos apreciadores... Quão intensamente vivi aqueles segundos, aqueles minutos, aquelas poucas horas ao seu lado... Quão intensamente te fitei, estudando seus traços, tanto me embriaguei...Tão profundamente senti o seu calor, senti a sua respiração em meu rosto, sua pele em minha pele... Com tal fascínio senti as batidas apressadas do seu coração, como tentei ter certeza ser eu a responsável... Como apreciei seu beijo... Com tal sentimento ouvi sua voz baixa... Com tal facilidade você preencheu meus domínios, e todas as minhas sensações, todos os meus sentidos, se apoderou na minha mente, e me fez pensar em nada... ou em mais nada além da preocupação constante em te aproveitar ao máximo... além do medo da chegada do momento de te deixar partir...

A distância não é inimiga do nosso amor... O Tempo é. O Tempo nos afasta, é o Tempo que esfria grandes paixões, a distância nunca é capaz de tal proeza... O Tempo, que insiste em correr quando estamos juntos, e se prolongar por décadas quando nos afastamos... O Tempo, que afasta nossos momentos juntos... os torna cada vez mais distantes, cada vez mais escassos... O Tempo, que só nos permite momentos... Deixe-nos ao menos acumular momentos, e conseqüentemente, despedidas... que se tornam cada vez mais difíceis... Tempo... por favor se apresse, por favor, atropele esses momentos difíceis, esses momentos afastados... por favor nos une, de uma vez por todas e para sempre, deixe-me entrelaçar naqueles braços, e fazer deles minha Fortaleza, que no momento está tão longe...