A comédia em minh'alma
O tempo passa e permanece viva a hipótese de eu ser o mais desgraçado dos seres. Posso não ter o sofrimento da carne que muitos infelizes têm. Me refiro aos que não experimentam senão miséria durante o muitas vezes curto período de existência - tendo eles visto apenas uma cor, sofrerão por aquela que não viram? São eles, ora, verdadeiramente tristes? Eu, que tudo anseio, que amo cada detalhe desta inútil vida; eu, sendo este, não sou o mais infeliz se o que procede é, sempre, um constante e contínuo fracasso? Eu, que sinto o gosto da felicidade no sorriso de alguém, e em todas as coisas pequenas da vida; que serei eu quando o sorriso tomar distância e as coisas da vida não passarem de impossibilidades?
Serei o que sou. Aquele que se esquiva da vida, não por vontade ou determinação, mas porque se esquiva e assim faz. O que mais posso dizer? Uma equação que incluísse eu e a vida jamais seria válida - ambas as forças se anulam e, o que resta, é indecisão.