Não sou Pollyanna

“Espero que seja suficiente. O que me trouxe até aqui e o que pode me levar de volta. Tenho tanto. E nada. Sei que tudo muda em uma velocidade alucinante e que, se nem mesmo quem vos fala consegue acompanhar, quem dirá que por fora está.

Vou carregar tudo que possuo sem nem escolher assim o fazer. Velha por lembrar de tanto, por me arrepender e me orgulhar das mais variadas coisas. Jovem por nunca pensar no que vem depois e sempre fazer aquilo que quer, mesmo que não seja o melhor a se fazer, ainda que nisso acredite.

Nada do que gostaria de saber eu sei. Tudo o que deixaria para trás me persegue como num teste onde já sei que o resultado não será satisfatório. Ainda assim persisto, confio em minhas intuições, minhas intenções e por isso perco a mim e a outros, sempre crendo que tudo deve ser feito enquanto há chance para tal e o que, para o que vem a seguir, há a conversa, o perdão, a segunda (terceira, quarta,...) chance e mais, o sorriso.

O que tenho a dizer? Simples, nada. Ainda que explodindo e gritando por dentro, quando necessário nada saberei dizer. Talvez eu escreva ou guarde o que pensei para mim, mas falar? Intimido-me. Amedronto-me. E me calo.

Há situações onde ninguém me vê ou me dedica atenção. Nestas, despejo um rio muito veloz e denso de palavras e sentimentos que passam em minha mente e deixo quem quer que seja desorientado, quem sabe maravilhado.

Mas não se engane, não sou metade do que pareço ser. Na tentava de poupar aqueles que amo, posso machuca-los e nada conseguirei fazer a não ser me cobrir de culpa, inventar o que nunca existiu ou ver apenas o lado que em nada me ajudará a superar as coisas.

Por isso, espero que apesar de tudo aprenda a andar sozinha sem olhar para trás (a não ser que alguém me chame); aprenda a superar o que não pude agora; a ver tudo como um tijolo que apenas me constrói –e não como uma bomba a me destruir-; a dar valor aquilo que tive e ainda terei (pessoas, inclusive); e que, sobretudo, aprenda a entender que as coisas simplesmente acontecem por alguma razão, independente do que eu possa fazer.”

Sofia Fernandes
Enviado por Sofia Fernandes em 26/07/2007
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