VELOCIDADE DA LUZ

Aguardando a porta do hospital, quase morta, dorme a filha cansada, espremida na poltrona. A mãe repousa em uma cama do CTI, sedada, talvez alheia, como o usuário de drogas injetada na veia. Aguarda o desfecho do drama, sair daquela cama morta ou quase morta ou temporariamente viva. Enquanto espero sentado, não que me agrade, vejo o tempo correr pela janela. A jovem dorme espremida na poltrona, o tempo pasa, eu e ela, num CTI qualquer.De verdade, o que a gente quer? Especular uma eternidade incomprovada, fiel apenas a nossa necessidade de acreditar que a vida não termina, deixando de vivê-la no tempo que a gente sabe que existe. A gente vive especulando, mas inventa uma realidade diferente não é igual a inventar um monte de dividas. A menina acorda, tá na hora, o medico explica, se existe outra vida, neste momento sua mãe saberá dizer. Por enquanto, procure levar a sua, a gente se vê mais tarde ou mais cedo, quem pode dizer?