Vivendo a Utopia da Paixão

A sociedade moderna vende o desinteresse como seguro. Virou moda ser frio e calculista, virou costume dizer que o romantismo é um clichê, que é uma atitude super valorizada pela sociedade como um todo e que, de certa forma, é um passo para o erro.

Virou um bom conselho dizer "ei, demonstre desinteresse", "autopreservação é esconder seus sentimentos.".

Faça joguinhos para ver quem é mais fraco na situação, o que ama menos, ou ama diferente, é o lado fraco. O mais racional manda e desmanda no curso da relação.

Pessoas estão mais cheias de si mesmo e estão perdendo a essência de ser um ser humano, esse ser cheio de defeitos e, principalmente, sentimentos que julgo ser a única coisa que nos separa da inércia total.

Mudaram o conselho divino de "ame o próximo como a ti mesmo" para "ame o próximo menos que a ti mesmo, se possível bem menos que a ti mesmo".

O amor e a paixão é explicada por cientistas especialistas no assunto de forma superficial, atrelando nossos sentimentos a nada mais nada menos que hormônios, neurotransmissores e ações instintivas controladas por um centro de controle chamado cérebro.

Pessoas "modernas" aparecem dizendo que atitudes tomadas pela paixão, ou até mesmo por amor, são sinal de fraqueza, ou simplesmente um sinal de que algo não vai bem com a pessoa e si mesmo. Dizem que amar é uma falta de autocontrole, uma perda de autoconhecimento, autocuidado e até autoestima.

Pessoas já entram em relacionamentos com o pensamento de que não são para sempre, que não vai durar muito e pouco se faz para que aquilo dure, afinal já começamos a amar nos preparando para deixar de amar.

Se envolvem numa redoma impenetrável e não se permite acreditar em algo, afinal, acreditar é um problema. Isso pode te fazer ter atitudes incompreendidas e principalmente te machucar.

Muitos vivem nessa utopia de que os sentimentos nos separam do autoritarismo da nossa própria vida.

E quando aparece alguém, assim como eu e esse texto, as pessoas disparam em dizer "coitadinho dele", e diminuem algo que deveríamos todos sentir, afinal o que move o mundo é o sentimento de que girá-lo vale a pena.

O relacionamento vale a pena se acreditamos que ele durará. Viver vale a pena se acreditarmos que ela terá um sentido, um porquê.

Em casos em que não se acredita nossas atitudes já estão condicionadas a não tentar, não investir, não prosseguir, ou seja, perdemos o motivo para as coisas e sem motivo as coisas tendem a ser de qualquer jeito.

Será esse um motivo para as relações atuais? Superficial é legal! Ter uma vida dupla entre você e seu relacionamento e você com você mesmo é a forma mais segura de tratar as coisas.

Afinal, evitar o sofrimento agudo é supervalorizado sem entender que é muitas vezes é ele que nos ensina a ser melhor.

Amor pelo que se faz é essencial, profissionalmente, socialmente e pessoalmente.

Em todas as vezes o amor nos motiva a agir a favor daquilo que se acredita ser bom para nós mesmos.

Muriel Oliveira
Enviado por Muriel Oliveira em 21/11/2016
Reeditado em 18/02/2017
Código do texto: T5830213
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