A negra em mim

A Negra em mim

Cresci em uma sociedade racista, com arraigado preconceito social, racial, econômico e cultural. Mas tive a sorte de ter crescido com um negro, que me embalou, me acarinhou e cuidou da minha primeira infância, deixando em mim uma marca e uma certeza, somos todos iguais, perante a lei, perante a sociedade e, principalmente, perante os homens e mulheres de bem.

Nosso sangue é sempre vermelho, nossos olhos são sempre redondos, dentro das órbitas, temos dentes, mãos e pés, cabelos de todas as cores e feitios. Temos beleza, de todas as cores e feitios, inteligência de todas as formas.

Não posso admitir, não consigo imaginar que se afaste uma pessoa pela sua cor de pele, seu cabelo encaracolado ou pela sua origem social e econômica. Muitas vezes, brincando com pessoas diferentes, de outras culturas, cor, religiões, imaginava como seria ser “como elas”. Queria viver a experiência de ser negra, amarela, vermelha... podia até ser verde, ou azul, mas sempre quis ser negra. Acho que a cor negra, é a cor mais bonita que se pode ter na pele, já que no coração e na mente, livre de qualquer pensamento, não diferimos.

Li, hoje pela manhã um escrito de um pai negro, que se resumia numa frase: “não toquem nos cabelos do meu filho”, mas com uma desabafo que, se lido de todos os ângulos, me leva entender esse pedido como “não me censurem por ser diferente, por ser homem, por não ser, por ser mulher, por não ser, por ter outras preferências sexuais, culturais, sociais ou religiosas”.Não me afastem por ser diferente!

Eu, de plena posse das minhas faculdades mentais, declaro que sou negra. Declaro que sou branca. Declaro que sou “amarela” (se com isso querem dizer oriental). Declaro que sou vermelha( com isso querendo dizer índia) Declaro, sim, alto e em bom tom, que sou humana, como todos os outros e outras... Declaro que sou.

nadiaestrela
Enviado por nadiaestrela em 21/11/2016
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