Mais um texto sem título

Ela saiu depois de ter mexido os lábios rispidamente.

Ela saiu da situação.

Dos galhos verdes em pleno inverno que davam licença à visão da lua e de duas estrelas miúdas. Da claridade que faziam insuficientes para iluminar da noite fria. Da beleza igualmente incapaz de chamar-nos a atenção. Tão inutilmente ser interessante que fora preciso algumas folhinhas amareladas caírem sobre nos para finalmente tirarmos os emaranhados feitos pelos movimentos estáticos das nossas retinas.

Saí da leitura recente e não terminada de Shakepeare.

Saí.

E ela, bem, ela eu não sei.

Saí como quem bate a porta sem olhar pra trás e sem querer saber as conseqüências dos últimos gestos. Abracei meus joelhos e desejei não estar no corpo. E o desejo foi tamanho assim saí, misturada às minhas lágrimas e ao meu sangue que também já não corria para o rio fechado. Caminhava para o mar seco. Chão.

Chão.

E como até meu corpo já não queria estar mais no meu corpo: corri. Procurei algo que o levasse embora, que o levasse para um... Lar! Raro. Ela fora meu único e talvez já tenha perdido.

Alguém quis me levar. Perguntou-me para onde eu queria ir. E soluçando disse que não sabia. Eu não sabia. Eu não sei! Eu só não sei. Ela talvez não tenha sido um lar, mas preferi chamar-lhe de prisão. Ela talvez tenha sido uma prisão, mas prefiro pensar em lar. E os efeitos daquelas palavras fizeram-me correr ainda mais. O vento bate do meu rosto, embaraça meus cabelos, e transforma minha jaqueta em capa de super homem. E ao invés de segurar os cabelos, esconder o rosto e fechar a jaqueta, tentando evitar a liberdade, abro meus braços e fecho os olhos sentindo aquilo que passa, e fazendo sentir minha presença.

O espelho vai mostrando resultados.

É que é inverno. Do qual me despeço, dando boas vindas ao outono e seus tons alaranjados.

Despeço-me do quarto escuro.

thais rey grandizoli
Enviado por thais rey grandizoli em 29/07/2007
Reeditado em 29/07/2007
Código do texto: T584589