Acusar é ser humano, ser humano é acusar

ACUSAR É SER HUMANO, SER HUMANO É SER ACUSADOR

Adoramos cobrar. Adoramos acusar os nossos próximos e dizer que eles não fazem o suficiente, adoramos apontar o dedo e chamar de mentirosos aqueles para nós “apenas falam” mas “não tem atitude”… Eu poderia dizer isso com milhares de formas diferentes, mas para uma introdução acho que já pra entender. Acusamos. Acusamos e acusamos.

Por quê? Dizer o porquê seria cansativo pra uma leitura devocional, apesar de poder me aventurar em futuros posts em coisas mais complicadas, por enquanto no início quero ser leve. E por isso tento responder essa pergunta da forma mais simples possível: Acusamos porque entre o limite de se importar e o limite das nossas carências o que preenche de um pólo ao outro nossas lacunas é o egoísmo. Ser ser humano é ser egoísta.

E grandes partes, para não dizer todas, dos nossos relacionamentos sofrem com essa natureza animalescamente humana. Sofrem com nosso egoísmo. Por um lado nosso egoísmo não nos deixa ser satisfeitos por muito tempo com as coisas que são duradouras, e alimenta certos processos de desejos por coisas novas, que variavelmente são coisas alheias formentadas pela inveja e pelo consumo. Por outro lado esse mesmo egoísmo não sabendo julgar o que é necessidade e o que é desejo, ou o que é direito e o que não é, nos faz acreditar que aquilo que diz ser “nosso” (Ex: Um esposo que diz a sua esposa “Eu sou seu”) é nosso no sentido de propriedade, e que nesse sentido é obrigado a nos satisfazer por completo. Resultado: Cobramos. Cobramos. Cobramos. Somos os seres mais intolerantes da natureza.

De fato, há muitas reflexões possíveis para se fazer sobre nosso egoísmo e porque ele nos faz tão incitados a cobrar e a querer, mas o principal, e também o mais óbvio, é perceber o quanto somos frágeis nessa história. Porque é também pelo nosso egoísmo que sofremos nossas decepções mais horrorosas.

E somos frágeis acima de tudo por concluir algumas coisas erradas. Alguém que diz para outra pessoa que “Palavras não valem nada sem atitudes” pode estar cometendo a pior das injustiças, afinal falar também é agir, dizer um “eu te amo” ou “me perdoe” é tão difícil quanto dar um abraço, tentar reconciliar com palavras nos causa tanta vergonha que a mesma tentativa com gestos – apertos de mão, abraços. Outro erro é não perceber que alguém não é mentiroso somente porque fala e depois não faz. Eu prefiro classificar esses como covardes ou como incapazes. Simplesmente entre prometer e fazer há caminhos que nem sempre são completados, e que apesar da responsabilidade de ter dado “a palavra” nem sempre é culpável alguém que disse mas não conseguiu fazer. Mentirosos, mesmo, na definição da palavra, mentem mesmo quando estão mudos. Esses que dizem mas não agem conforme dizem no máximo são pessoas que precisam de um pouco mais de ajuda, de compreensão, um empurrãozinho, porque entre falar e agir para elas com certeza existe algum grande obstáculo, e isso não significa que elas não amam ou não se importam, significa apenas que tem medo de mais. Mentirosos mentem com palavras, com gestos, com olhares. Quem é mentiroso e hipócrita de verdade mente pra você até na cama. Até na intimidade. Quem é mentiroso de verdade tem frieza suficiente para fazer de todas as suas ações mentiras puras.

Cometemos dois erros:

Falar também é agir. E pensamos que são coisas diferentes.

E que para mentir não é preciso falar, existem mentirosos mímicos, mentiroso mímicos. É por pensar que atitudes justificam que achamos que alguém é salvo por ser caridoso, que alguém é amável porque doa sangue, que alguém é bondoso só porque estende a mão, ou pior, que alguém é confiável só porque sabe abraçar bem.

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