Pi

Foi num surto desesperador de medo de ter perdido as melhores coisas da vida, eu acho.

Não vou tentar achar uma desculpa pra isso.

De repente eu pirei, entrei num carro com um cara completamente desconhecido, que conheci por rede.

Está certo que ele era lindo, cativante nos áudios.

Encantei-me por um ator, que certamente me preou algumas peças. Como saber.

Entreguei-me por algumas palavras bem colocadas, um olhar feito lâmina de dois gumes. Profundo isso, mas eram verdes.

Entreguei-me segundo a segundo das declarações precipitadas dele de estar apaixonado por mim.

Sei que sou diferente, até porque ninguém fala de casamento no primeiro encontro: “O que tu pensa sobre casamento?”. Como eu pude? Ridícula!

E ele me olhou e disse que eu não existia, e após meu discurso patético sobre não ser religiosa, ele me olhar perplexo e mais uma vez: “tu não existe!”

Como eu pude insistir a circunstancias que ninguém se submeteria?

Eu estava convicta do que queria, nem sei como.

Mirante, chuva..

Estou tentando escrever que não estou arrependida eu acho, mas não me entendo.

E passou como uma chuva de verão. Não o que senti, mas o que era palpável.

Depois de discussões ridículas, e situações desnecessárias passou a nuvem.

E fiquei ali, me perguntando inúmeras coisas.

Tudo bem que foi passageiro, mas ainda quero uma chuvarada, gelada e contínua, que me inunde e me afogue.

Sara Enilorak
Enviado por Sara Enilorak em 27/12/2016
Código do texto: T5865063
Classificação de conteúdo: seguro