A tal liberdade que nunca existiu.
No tempo da escravidão
Se pagava pela cor
Chegou a libertação
E pouca coisa mudou
Como posso acreditar
Na carta de euforria
Se libertaram os escravos
Mas todos de mãos vazia
Que distância chega o homem
Caminhando pela estrada
Com a barriga vazia
E sem bagagem sem nada
Assim fizeram com os negros
Dizendo estão libertos
Lhe deram a liberdade
Mas sem direitos por certo
Se alguém duvida disso
Oras posso explicar
Num país capitalista
Quem pode se libertar
Trabalhar um mês inteiro
Por menos de mil reais
Seja branco seja negro
Rúivo ou pardo tanto faz
É como a escravidão
A diferença que faz
Apenas o tal do chicote
Que agora não tem mais
Mas se olharmos direito
O chiote até existe
Os únicos que não apanha
É o grupo da élite
O pobre que sai na rua
Bem cedo pra trabalhar
Nem sempre volta pra casa
A noite pra descansar
Pois na esquina o bandido
Que a élite gerou
Negando um bom estudo
O direito a ser doutor
Agora ganha a vida
Roubando a quem trabalha
E sem piedade atira
Matando o trabalhador
É essa a liberdade
Que a tal princesa deu
Quem foi liberto do tronco
Saiu pra rua e morreu
Sem falar que existe branco
Com a idéia mesquinha
De achar que cor da pele
Da tristeza ou alegria
Mas olhem a cor do sangue
Veja,todos são vermelho
Mas uma coisa eu sei
Que até da desespeiro
Se pudesse examinar
A alma de um companheiro
Tem negro de alma branca
E branco igual chiqueiro
Por isso no meu pensar
O recismo é burrice
Nós somos todos iguais
So burro não sabe disso.