No espelho vi um bovino

Hoje acordei de bovino, foi um despertar que já se anunciava há muito tempo, o animal dominado em que me transformei já me revoltava e agora está latente em mim uma vontade hercúlea de ser livre, de cortar o cordão que me liga aos fazendeiros no poder.

Zé Ramalho, há muitos anos, nos informou sobre uma triste constatação dele próprio, talvez como a que tive hoje de manhã.

Não gostei nada de me ver Bovino e saber que sustento o sistema com o que sou capaz de gerar financeiramente para os dominantes.

A corrente quebrou, eles que se preparem, não contribuirei mais com a minha parte, meus impostos, nem pelo trabalho e nem pelo consumo, e considero que todos deviam fazer o mesmo.

Espero que possa ajudar meus irmãos bovinos a se libertarem do jugo desses salafrários.

Hoje quero ser a fera que essa constatação libertou dentro de mim. Quero estraçalhar esses exploradores constituídos pelos bovinos dormentes. Quero acabar com a festa de uma vez por todas. O bovino que eu era, morreu, morreu de esclarecimento.