em cá, brisei.

bonito.

não tão discreto, mas camuflado em meio a tantos olhos e um outro olhar.

vejo teu sopro.

consagramos. forças naturais, opostas que se completam.

você lá e eu um pouco mais longe.

com os tambores, energias dançam, bailam e se embalam.

você do lado de fora e eu quero olhar para o fogo.

na fogueira, queimam todas as sobras. alguém fala sobre energia não processada enquanto aquele de touro tenta tirar um espinho do polegar.

olho o fogo, mas você foi quem trouxe o calor.

me enrosco e me aconchego na manta, de cor clara com flores. peço que ela segure meu cheiro.

sigo dando atenção ao fogo, sonhando, esperando queimar...

mantenho distância, assim ele não me fere, mas em contrapartida não me aquece.

você aparece, de novo. você sabe. você soube.

o fogo às vezes molda, às vezes muda.

meu aquário é de cristal. preciso de água pra me sentir aquário.

"deita e olha o céu, fecha e abre os olhos, bem rápido."

eu posso.

faço. brisamos.

então são duas quedas brilhantes no céu infinito vestido de manto negro.

sonho e viajo fácil. você calcula e reage perfeitamente.

lua ou sol.

você prefere voar ou me ensinar a nadar?

tenho medo de fogo, tenho medo de mar, só não tenho medo de me jogar.

me jogar do alto ou me jogar para o alto?

às vezes a gente cai, quase sempre a gente quebra, mas até isso acontecer: voamos. flutuamos.

ficamos suspensos.

ouço de ti que foi uma boa escolha, mas ninguém desiste.

você lá e eu logo ali.

de repente, o fogo, que se mantém: resiste ou desiste, e eu já nem o percebo mais.

o fogo de longe, ilumina. mas de longe, continua não aquecendo.

inquieto ou perturbado? hiperativo ou ansioso?

você ali e eu um pouco mais tarde.

percebo e te sinto, converso e me sinto, desligo o coração, a mente domina, a noite logo vira dia, talvez eu descubra seu nome, ou talvez seja apenas fantasia.

eu me distraio, sim!

tem sono mas não vontade de dormir. deito e observo o manto, pisco e durmo antes mesmo de (re)pensar sobre você.

tum-tum-tum!

bom dia!

tudo é novo, estamos ali, celebrando, celebrados, leves e dispersos. temos as memórias e o gosto de respostas sendo digeridas com o café com leite.

só que eu, não tomo leite. observo.

observo e tão só observo, que você, tão água e tão mutável, me traz uma xícara de café.

preto.

quente.

e com pouco açúcar.

no ponto.

no ponto de quando é preciso tomar um café não-amargo.

pareço uma boba com o café na mão e então percebo que quando a chama interna ascende, o fogo externo só me distrai e não me destrói.

era de um café que eu precisava.

quando o último gole se vai, o tempo aperta e eu confesso que, para mim, não existem coincidências.

são dos dias e de introspecção que eu preciso, gosto da sensibilidade por trás desse vidro frio forjado em chamas.

te procuro naquela entediante tarde, você aceita e eu te encontro à noite.

é só um pé, um pé artesanal com quatro dedos mágicos. é um pé da sorte, um estranho pé de duende, argentino, do mundo, da maestra, com amor, com carinho e proteção, é arte para te cuidar.

você surpreende!

é uma pedra. grande e forte. existe poder nas pedras.

me abraça me beija e me leva pro rolê. brinca com a minha cara, depois me faz rir. me beija outra vez.

disfarço e de novo me distraio. sempre e constantemente. nas minhas ideias e sonhos e sensações.

eu ali e você do meu lado.

a natureza me dá um ciclo, me pede calma, nos pede paciência e eu te peço também.

penso peço sinto viajo sonho e transmito em pensamento.

te olho te acolho.

eu posso te ver mas não posso te dizer.

quando você me olha, eu sei, mas você também não diz nada.

são das dúvidas que posso ter certeza.

é com elas que me desafio e me permito.

mas com as certezas é que realmente acredito.

não importa que horas são ou quantas horas serão, nem quantas horas podem ser ou poderiam ter sido.

o tempo não existe enquanto a gente sente.

e senti. sinto. permito.

fui até você e voltei.

parei o tempo.

agora, segunda-feira, chove. faz frio de leve.

transmito e me repito, mas agora é deixar que o tempo-rei ensine. que ele passe. que ele seja. que ele flua.

quem sabe a gente se olha de novo, te conto uma história enquanto tomamos um sorvete.

eu gosto dos seus olhos. e do seu cheiro. do seu sorriso e de todo esse mistério.

se existe um inferno, eu me afogo e você queima.

filhos da força ou de vênus.

que seja. seremos.

no silêncio o olhar é mais profundo, então me inundo.

transbordo ou te confundo?

você tranca a porta com duas voltas na chave enquanto eu peço que a janela fique aberta porque sou claustrofóbica.

você consegue calcular o tempo das coisas facilmente e eu não sei quanto tempo dura ou quanto tempo leva.

é uma bagunça.

num ritual, eu te conheceria ou te reconheceria, seria assim. foi assim.

talvez eu não saiba explicar, mas assim como é, eu gosto.

Taie
Enviado por Taie em 04/02/2017
Reeditado em 31/10/2017
Código do texto: T5902131
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