Se eu carregasse tamanha culpa

Se eu me arrependesse verdadeiramente de algo, se eu tivesse tanta vergonha de algo que fiz, eu ficaria em silêncio, não dividiria com ninguém. Teria medo até de pensar em voz alta dentro de minha mente e a parte boa que existe em mim, ouvir. Não, eu ficaria quieto, na mais profunda escuridão interna. Não ia querer que meus olhos faróis, perscrutassem por detrás dos glóbulos e iluminassem minha alma meio vil. E estes olhos verdes que tenho, tornariam todo o cenário ainda pior... Sob que luz lúgubre acusatória minha consciência não estaria? Eu me veria encolhido no canto, tentando adormecer para a culpa, de modo que no outro dia, eu pudesse espiar pelos espaços que antes me fitavam, a luz do sol, e ia desejar que o mesmo me curasse, que esticasse seus raios em minha direção e queimasse o fazedor de sofrer que me habita.

No entanto, os atrozes gritam! Não veem que a monstruosidade deles é visível, e almejam se disfarçar com capas de desculpas esfarrapadas. Eu vislumbro pelos buracos delas, tem alguém que seria como eu, só que ao invés de se camuflar na penumbra do esquecimento, fixa os olhos na esperança de ser perdoado.