A VIDA POR UM FIO

O que separa a vida da morte?

Um fio…

Muito fino. Frágil. Invisível.

Ninguém vê.

Um pensa que a vida é eterna. Por isso não se preocupa em viver agora. Deixa pra amanhã!

Outro, que é um acontecimento. Marca o dia da morte…deixa carta.

Tem o que não pensa nela. Tem que trabalhar.

O que pensa que vai morrer amanhã, e quer viver tudo hoje.

Tem o que pensa que os outros nunca vão morrer, e que sempre haverá alguém para cuidar dele.

O próximo é o cuidador. E pode ir antes do cuidado. O desgaste é mortal.

Existe quem roga para morrer, pois diz não ter mais nada para fazer aqui além de sofrer.

E o que se sente só, quer ir de encontro ao que já se foi

Mas tem também o que pensa na felicidade e no prazer de viver.

E assim são as facetas da vida e da morte.

Os do lado de cá, são seguros apenas pelo fio invisível, que badala, como um relógio cuco, contando os segundos, minutos… as horas de vida.

Não sabemos se irá romper sozinho, se alguém irá cortar ou se cortaremos o próprio fio.

Não sabemos quando nem como, apenas que um dia, irá se romper. A única certeza.

Enquanto o fio não arrebenta, a vida é para ser vivida.

O universo sinaliza à todo momento. Pode ser um acidente, uma separação, uma perda, uma quase perda… só Ele sabe qual a melhor forma de nos despertar.

Tem quem acorda. Tem quem nem precisa de despertador. Mas tem gente com sono pesado. O Universo bate seu martelo, em som ensurdecedor, mas ele continua dormindo. Então não resta outra coisa, senão o romper do fio, mesmo sem ter vivido.

É uma pena… é triste desperdiçar a vida. Ela é tão curta. Tão bonita. Tão acolhedora. Tão convidativa. Basta saber viver e estar aberta para ela.

Vivo intensamente, enquanto durar. E quando chegar minha vez, quero partir na certeza de ter feito, para mim e para o outro, tudo o que estava ao meu alcance, para ser e fazer feliz.

Cristina Verducci