A alegoria da caverna de Nietzsche

Uma das coisas mais fantásticas sobre a hipótese da realidade simulada, e da alegoria da caverna de Platão é observar como aqueles que se libertaram para uma ‘’ nova realidade’’ lidam com a mesma.

Quando um dos prisioneiros da caverna de Platão sai da mesma e encara uma nova realidade, toda sua perspectiva muda, sua moral, suas crenças, suas ideias, e até mesmo sua noção do que é ou não real. Ele agora tem que moldar sua vida do zero como se ele tivesse chegado ao mundo naquele momento enquanto os outros ‘’ prisioneiros’’ dentro da caverna continuam com as mesmas ideias e crenças se negando a enxergar a ‘verdade’ e claro defendendo suas crenças como se fossem a verdade absoluta.

Nossa ideia de verdade absoluta é algo moldado desde o nascimento,’’ o bem é melhor que o mal, o doce é melhor que o azedo, a vida é melhor que a morte, e ‘’deus’’ é melhor que o demônio’’, tais ideias moldam uma sociedade a ponto de que se um indivíduo pensa um pouco diferente do padrão social ele é julgado como vilão. Afinal nos ensinaram desde sempre que heróis são melhores que vilões.

Se voltarmos no tempo hoje e observássemos o início da civilização iriamos perceber que a moral nem sempre foi o que ela é hoje, e a mesma foi sendo moldada durante anos de evolução social variando-se de culturas e civilizações.

A genealogia por trás do bem e do mal está sempre ligada ao ato do indivíduo, ‘’ o homem que vai a igreja é o homem de bem, o homem que não vai a igreja é o homem mal’’, no entanto partimos de um pressuposto de que uma entidade benevolente criadora do céu e da terra se importa com aqueles que a adoram.

Por outro lado cientificamente falando não existe nenhum tipo de evidencias que comprove a existência de uma entidade, muito pelo contrário se analisarmos as evidencias podemos perceber que as probabilidades da não existência de um ‘’ deus’’ é muito maior do que a existência.

Se partirmos do princípio do pensamento moral cristão se não existe um deus como eles iriam diferenciar o bem do mal? o homem que vai a igreja e o que não vai?

Conforme o avanço cientifico somos sempre apresentados a novas realidades que moldam uma nova genealogia da moral neste século humanista e cientificista que vivemos. O Cientificismo ou o simples entendimento de que a metodologia cientifica é a melhor e única maneira de entender a vida o universo e tudo mais. Vem nos apresentando novas ‘’ realidades’’ que constantemente moldam nossa percepção do mundo.

Hoje em dia não podemos colocar a moral e a religião no mesmo lugar pois sabemos que não existe um deus ou pelo menos evidencias para a existência de um.

Quando Platão colocou seu prisioneiro para fora da caverna e o fez ver o mundo como ele realmente é todas suas crenças desapareceram e o que para ele era uma verdade absoluta não passou de pura ignorância a respeito da realidade.

Hoje em dia a genealogia da moral é moldada pela filosofia e por nossa percepção do mundo

‘’ O Homem que estupra uma criança é mal’’

‘’ O Bombeiro que salva uma vida é bom’’

Dois exemplos sociais e moralístico que estão como um absoluto fato em nossa sociedade, muito diferente da moral da religião que pode ser refutado facilmente pela ciência. a moral perspicaz de um cidadão de ‘’bem’’ em perceber a diferença entre um pedófilo e um herói é bem clara.

No entanto a verdade absoluta é apenas aquilo que conhecemos como verdade, até que uma nova realidade apareça diante de nossos olhos.

A ciência é conhecida por muitas vezes quebrar nossa percepção de realidade nos apresentando um novo mundo a ser explorado. Pense um pouco se descobríssemos a partir de novas evidencias cientificas que vivemos em uma grande alegoria da caverna de Platão.

A hipótese da realidade simulada pode parecer absurda aos olhos daqueles desprovidos de conhecimento cientifico. Mas ela é uma possibilidade muito grande.

E se a nossa realidade não passasse de uma simulação de computador?

E se a vida de uma criança não passasse de um grupo de algoritmos?

E se todos aqueles que você amou, todos aqueles que existiram ou iram existir não passassem de um simples efeito matemático criado dentro de um computador?

Descobrir que vive em uma ‘’caverna’’ ou em uma Matrix iria quebrar completamente o que chamamos hoje de bem ou mal.

Afinal o quão errado é o ‘’ assassino’’ por ‘matar’ um personagem de um computador?

Se você não consegue filosofar e imaginar tal situação e sua mente não possua os requisitos filosóficos para tal pensamento.

Faça o seguinte exercício:

Imagine que todas as pessoas que você matou em jogos de vídeo game possuíssem uma família, sentimentos, imagine que todos que você matou em um jogo de vídeo game fossem ‘’ pessoas’’ como eu e você.

Porem claro eles não soubessem que estão em um vídeo game. Assim como você acha que não está em um.

Se você partir do princípio que ao matar mil pessoas agora, estaria apenas matando personagens de vídeo game você mataria?

Assim como Platão e Nietzsche nos mostraram a realidade não é sempre aquilo que conhecemos e a moral é moldada por padrões sociais que se adaptam com o passar dos anos.

Mas se nenhum de nós é de fato um ‘’ ser vivo’’ no sentido biológico da palavra, então o quão errado seria matar?

Eu imagino que a descoberta de uma realidade simulada iria destruir completamente a nossa sociedade. O tipo de descoberta que a ciência jamais poderia soltar ao publico

Afinal como você diria as pessoas que suas vidas e seu mundo é uma mentira? e que seu filho que acabou de nascer é só um programa de computador, ou que sua mãe que morreu na verdade nunca de fato existiu?

‘’ Não há fenómenos morais, mas apenas uma interpretação moral de fenómenos....

- Friedrich Nietzsche’’

Gerson De Rodrigues
Enviado por Gerson De Rodrigues em 04/06/2017
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