Acaba de partir... o último irmão da minha mãe... Meu amado tio Valter, de um AVC.
Como vou contar pra ela, minha mãe, nos seus 92 anos, que seu último irmão, o caçula, se foi ? Meu amigo Lu, Facuri, acha que não devo contar...
Como não contar, Lu? Ao menos nesta noite, não, não o farei. Urge que ela durma, ao menos nesta noite, em inocência plena. 
Deus, Protegei a vida de minha mãe!
Deus, meu Deus... Mais uma perda, mais uma. Agora são quatro, desde março. Três dessas pessoas, fundamentais... fundamentais... fundamentais...
A quarta era uma Voz, era uma ponte e disso não há palavra a dizer, em espaço nenhum.

Meu tio Valter... e não  consigo chorar... Como vou contar pra ela? Como?




Texto publicado no facebook, ontem, 19 de junho.


Mais uma pessoa querida se foi, ontem, a terceira passagem em três meses, mais uma passagem doendo em mim...Uma quarta pessoa também se foi no início deste junho, uma pessoa que foi como uma ponte... durante muitos anos, cuja morte, embora eu não a tenha conhecido diretamente, a tal pessoa, também repercutiu e continua a repercutir, dolorosa, em mim. Minha história de vida está em estado de dor. E preciso decidir como vou contar a morte ocorrida ontem para minha mãe. Ainda não sei como e preciso - só a mim cabe isso - decidir como.
Neste momento e tempo as palavras estão sem sentido, perdoem-me. Preciso aguardar-me passar o agudo de tudo isso, orar para que ninguém mais dos meus afetos fundos, nem eu, fique (fiquemos) doente(s) em estado muito sério nem parta (partamos) nos próximos tempos. Amém! Amém! Amém! Amém! Preciso ficar em silêncio.Que o Deus Proteja a vida de minha mãe, dos meus mais seres queridos, a minha vida também... a vida nossa, que continuamos neste Plano. Amém!
Nota. Um amigo querido acha que não devo contar nada a ela. Eu lhe disse que ela nunca vai me perdoar se não ficar sabendo. Ocorre que ela tem 92 anos... Contar ou não contar, eis o meu drama real, o maior. Se acontece algo com ela... Meu Deus! Meu Deus!
Cuidai de mim também, meu Deus! Cuidai de mim, também. Amém!
Abraço grande e boa semana, amigos.




Resposta minha, hoje, 20 de junho, a e-mail de uma amiga

 
A pressão da 'família' pra eu contar aqui e agora está insuportável. Mas, me apoiarem de verdade, me  compreenderem em ao menos algo de tudo o que renunciei de verdade, o que renunciei de verdade para assumir sozinha tudo aqui há... séculos  e com graves problemas meus de locomoção... e sem jamais trégua nem férias...   com isso ninguém se importa pra valer.Nunca quiseram (com uma única exceção)  realmente fazer algo e bem que tentei... Pra fazer pressão, sim. Perdi 3 pessoas queridas desde março, meu ex-companheiro e sempre amigo, uma amiga querida e esse tio. Ninguém da família se dá conta de que eu preciso de um tempo mínimo para decidir o que contar e como. Hoje a manhã toda foi uma 'briga de foice' com eles. Consegui sair viva... Como se, seja lá quais forem as consequências não seja eu, sozinha, com as minhas parcas forças, quem tenha que, como sempre, me responsabilizar por elas, - sejam quais forem - consequências.
Minha mãe, aos 92, está mais do que perfeitamente lúcida e tem pavor de morrer. O meu grande receio é o de que tal notícia a enfraqueça física e emocionalmente, à revelia dela e do seu pavor de morrer. É mais ou menos isso. Se eu tivesse, se me dessem alguma autonomia para decidir, a família que de repente decidiu estar 'tão presente', eu não contaria nada, mas, como sei que não respeitariam minha decisão, preciso contar. Só não sei ainda quando nem como.
Desculpe os desabafos.
Grata, minha querida. Beijos.