Prisões e Pedras

Não são cercas, nem muros, nem algemas que o impedem de sair

Suas próprias garras o fazem

Mas que garras? Se ele mesmo não enxerga

Há muito não se vê como alguém realmente disposto a viver

O que faz é apenas estar ali e observar

Deixou de fazer suas análises sobre aqueles que ousavam em abrir suas bocas num ato que para ele era bastante corajoso

Era o famoso "pensa em tudo e não fala nada"

Se remoia para poder juntar todos os seus pensamentos em um texto no final do dia, já que, para ele, a forma mais fácil de externalizar seus pensamentos era transportá-los para um papel

Sabia que, embora não tivesse com quem compartilhar, apenas escrever já aliviava suas dores e estresses.

Mas ele cometeu um erro

Pensou que havia encontrado um dos caminhos promissores para o seu futuro

E começou a seguir

Na metade do caminho se deu conta que deixou coisas importantes para trás

Se deu conta que, apesar das várias mudanças pessoais e de que agora também conseguia falar, não tinha mais certeza das coisas que realmente estava sentindo

Que muita coisa parecia errada, mas também parecia certa

Que havia um buraco, um vazio em algum lugar dentro de si que ele não sabia mapear

Deixou de externalizar o que era verdadeiro (já nem sabia mais o que era verdadeiro)

Da melhor forma que sabia fazer

Se sentia frustrado, desmotivado e vivia se perguntando se estava seguindo o caminho certo.

Ainda não obteve a resposta, mas decidiu que ia continuar seguindo e, quem sabe um pouco antes do final do caminho, veja que valeu a pena apesar das incertezas

Uma coisa ele viu: externalizar é preciso

Ser é preciso

E como serei se não escrever?

Vou redescobrindo minhas vias aos poucos

Esperando que tragam coisas boas, apesar da incerteza

E que a incerteza não seja um bloqueio

E sim um incentivo

Para que eu siga o caminho a minha maneira.

Às vezes as pedras no caminho somos nós mesmos.