Confissão
Confesso que de vez em quando sou apanhado por uma lucidez assustadora, que me tira toda e qualquer inspiração. Saio do calor do mundo das ideias e toco com a ponta dos dedos o gelo cortante da realidade bruta e material. Sorte que dura poucos segundos, mas e se durasse paras sempre? O que seriam das criaturas inventadas? Rasgar as folhas ricamente ornamentadas com letras vivas dos cadernos de anotações significaria o assassinato de multidões de sentimentos gerados a partir do silêncio sólido que reboca as paredes do subconsciente criador.