Fartura Natalina

Vejo com curiosidade as comemorações natalinas em família nessa cidade.

As pessoas associam fartura a uma mesa repleta de comidas das mais variadas e apetitosas. Não podemos esquecer que, fartura, é um termo que expressa também o que se tem em excesso, portanto, o que se tem além do que é necessário. Ou seja, o que em parte vai se tornar inútil, esquecido, rejeitado, podridão que certamente se destinará ao lixo.

Poderíamos ter apenas angu com quiabo, se ainda tivéssemos o privilégio de conviver uns com os outros.

Para uma celebração natalina, numa ceia é bom, é muito bom, que se tenha o necessário em variedades. Mas lembremos, variedade não é sinonimo de fartura. Ter variedades do que é necessário, não é o mesmo que ter em excesso o que se pensa ser necessário.

Seria uma tolice por parte da população e das nossas famílias, se passássemos o ano inteiro brigando entre irmãos, desrespeitando os pais, ou ainda, se vivêssemos cada dia mais afastados uns dos outros, sem conversarmos, sem convivermos, cada um isolado em seu próprio mundo, cada um desconhecendo os outros a cada dia e de repente nos encontrarmos numa noite iluminada dizendo ter fartura em nossas mesas.

Que possamos viver variedades de momentos compartilhados, variedades de histórias contadas, variedades de brincadeiras com nossas crianças, variedades de solidariedade uns pelos outros, porque conviver é necessário.

E se tivermos fartura, que aprendamos a compartilhar.