Sobre final de ano

Os últimos dias do ano são extremamente melancólicos. Para quem é religioso, principalmente para os cristãos, é época de invocar ao messias nascido de uma gravidez tão divina quanto duvidosa. Àqueles desinteressados pelas questões bíblicas, resta ouvir muito “feliz Natal” e muitos votos de bênçãos. Não há, porém, quem passe incólume por esta época de festividades, e as experiências vividas podem ser frustrantes, ou, ao contrário, reveladoras.

A emotividade do período natalino abraça a toda sociedade. Ficamos mais generosos, mais compreensivos, mais humanos, nem que seja por apenas quinze dias. Na semana entre a festividade cristã e a virada do ano, então, passamos inclusive a acreditar na perpetuação desse sentimento, e assim começamos os próximos trezentos e sessenta e cinco dias com a impressão de que serão melhores, mais produtivos e bondosos.

Mas nunca percebemos quem realmente é responsável por isso. Somos nós, seres humanos em sociedade, os produtores dessas alegrias e desse período tão aconchegante. Não é um feriado pagão adaptado pela igreja católica que desperta o melhor existente em nós: somos nós mesmos. Como seria bom se nos comportássemos o ano todo com a bondade deste período. Mas existe coisa mais difícil que seguir o cristianismo em um país cristão?