CAVALHEIRO...

O salão já estava vazio, os convidados conversavam às mesas e a orquestra continuava a tocar...

Madrugada, circundando o dedo à borda de meia taça de champanhe, eis que recebo o convite mais extraordinário para dançar. No repertório do momento tocavam boleros... Como sempre contidos e compassados... A música era conhecida, mas a letra não pude lembrar.

Naquele contexto, a ideia de bailar, com a hipótese de ser além de uma dança, seduzia-me. Seria como percorrer o mundo na visibilidade daquele sorriso, acolhido no esboço daquele olhar de desejos, e, em pleno movimento, até o suspirar dos nossos cansaços...

De tanto imaginar ser possível, aquele gesto tornou meu coração estagnado como um sobrevivente às hipóteses de tantos ritmos...

Desde que qualquer um pudesse ouvir os violinos que embalam o decurso dos meus dias, gentilmente, também estender-lhe-ia a mão, com a qual cortejo melhor a vida, e bailaria infinitamente...

Então, com a elegância mais clássica e refinada que pude e que uma dama merece, segurei-lhe a mão, curvei a cabeça suavemente, como num gesto de beijar-lhe a mão, e despedi-me do aparte à maneira mais sublime, a orquestra atenciosamente quase parou o som, enquanto todos os presentes encantados com tamanha magia, certamente, disseram:

Seria um “príncipe” se, ao menos, tivesse aprendido a dançar.