Aquele que confessa o que viveu...

As lembranças serão como pássaros inquietos a nossa volta com o passar dos anos, muitas voarão de nós e se perderão no abismo infinito do tempo, outras alcançarão um céu inatingível aos mortais e lá se transformarão em estrelas brilhantes.

São olhares, cheiros, gestos, sorrisos, lágrimas e gostos que deixam de ser sensações e por vezes tornam-se apenas imagens congeladas na tela corroída da memória, outras tantas vezes, nem isso.

E é necessário livrar-se do excesso de peso para seguir em frente, mais leve, mais livre. O tempo nos faz menos ágeis para carregar tanta bagagem, por isso esquecemos, não guardamos o que pouco ou nada acrescentou, ficam só as lições apreendidas com cada momento vivido, não aquelas lições que decoramos, memorizamos... Estas também não servem.

Só segue conosco até o fim aquilo e aqueles que realmente nos transformam.

Até que um dia nossa própria essência será pássaro-lembrança-estrela a iluminar o céu de outro alguém.

Renata Vasconcelos