Querer Não É Real

A verdade é que eu queria que ele me chamasse pra sair. Por minha melhor roupa, ensaiar um sorriso no espelho e limpar o batom do dente. Eu queria que ele me tirasse pra dançar nessa grande festa de amores rasos e me colocasse um beijo nos lábios e na parte interna da minha coxa. Eu queria acordar ele na manhã de um domingo com café preto ouvindo Raça Negra ou Phill Veras. Depende do domingo. Eu queria mostrar-lhe os meus livros de Sidney Sheldon e aquela música que fala dele. Queria falar de como meu coração arde quando ouço. Queria contar de quando era rock in roll e de como aos poucos eu fui virando uma grande bola de confusão. Queria mostrar meus poemas mais íntimos e mais sujos. Queria fazer-lhe poemas. Inéditos. Queria lhe chamar pra deitar no chão, na chuva e ver as gotas caindo como facas do céu. Eu queria tanta coisa e me contentava com o imenso prazer de querer. Sempre devagarinho. Ele nunca vai saber.