Grito

Ele estava me tirando o ar.

Suas duras palavras pareciam estar me sufocando através de suas mãos agarradas em meu pescoço.

Fiquei muda.

Ele me cegou.

Me humilhava através de seu ego ferido.

O quarto escuro era meu refúgio.

Eu nada via.

Suas mãos subiam para meus olhos.

Ele me guiava através de sua visão. Era uma visão feia

E eu acreditava. Achava feio também.

Meus braços agora estavam presos.

Eu não sentia vontade nenhuma de me soltar.

Achei que ali era meu refúgio.

Meu porto seguro

Eu nem notei que ele me obrigava a estar ali. A dor era tão amiga que nem se importava mais comigo.

A queda.

Havia sangue nas minhas mãos. Quem eu havia ferido?

Ah! Ele me soltou.

Eu caí.

O sangue era meu.

Meus olhos estavam abertos e eu pude ver um rosto amigo.

O meu rosto.

Ele não estava sorrindo. Estava triste. Incapaz de sorrir tão rápido novamente.

Limpei o sangue das minhas mãos na camiseta que um dia servia de pijama.

Antes de apagar para sempre a Luz, joguei a camiseta no lixo.

Junto a ela, todas recordações também.

Meu coração ardia.

Agora aliviado.