NÃO REVELADO

De: Éderson de Souza

Para: Não REVELADO

Título: A coisa mais profunda que escrevi

Oi, NÃO REVELADO, como vai?

Preciso te falar algumas coisas, nas quais são novas para mim. Vou falar três palavras que nunca falei para alguém: EU TE AMO. Começo com essas palavras, que são singelas e pequenas, porém, juntas, tem alto grau de expressividade e sentimentalismo. Pode ser meio prematuro mencioná-las, mas sempre ouvi que saberíamos a hora certa, será que chegou a hora?

Eu não era uma pessoa romântica. Na verdade, sempre fui incrédulo com isso. Até gosto de ler os poemas de Vinícius de Moraes e de Carlos Drummond de Andrade sobre o amor. Por algum momento, sentia-me conectado a esses poemas, mas logo, relutantemente, pensava: será que existe o amor puro diante da podridão da sociedade? Acreditei, devotamente, nessa podridão. Culpa do Cesário Verde (poeta realista português) que desvelava a sociedade numa visão decadentista. Por alguns anos, eu, um mísero ser, acreditei que a sociedade refletia no amor, na paixão e no companheirismo. Como eu fui errôneo pensar nisso. Nós não somos um produto da sociedade, e sim a manifestação dos sentimentos. Creio que sempre viveremos na dualidade entre o objetivo e o subjetivo, entre a razão e a emoção. Muitas vezes quis transpor os meus sentimentos para uma visão objetiva, bastante ligado ao positivismo, mas, meu caro, sentimentalismo não é objetivo, não é racional. Temos que saber lidar com isso, para estarmos prontos para amar.

Agora percebo o quão é importante amar e ser amado. Não quero fazer aqui a vítima, a pessoa que nunca foi amada, a que nunca se sentiu atraente. Na verdade, ninguém me cativou, ninguém me fez sentir atraente e ter a seriedade no que sinto. Você foi o primeiro que realmente me cativou.

Ainda “batendo na tecla” sobre o amor; o que é amor? No site Wikipédia, amor é definido como:

Amor (do latim amore) é uma emoção ou sentimento que leva uma pessoa a desejar o bem a outra pessoa ou a uma coisa. O uso do vocábulo, contudo, lhe empresta outros tantos significados, quer comuns, quer conforme a ótica de apreciação, tal como nas religiões, na filosofia e nas ciências humanas. O amor possui um mecanismo biológico que é determinado pelo sistema límbico, centro das emoções, presente somente em mamíferos e talvez também nas aves [...]

Se pensarmos bem, amor é algo muito complexo. Nem Camões, que escreveu Os Lusíadas, não conseguiu definir o amor, e nós? Conseguiremos definir?

Amor é fogo que arde sem se ver;

É ferida que dói, e não se sente;

É um contentamento descontente;

É dor que desatina sem doer.

É um não querer mais que bem querer;

É um andar solitário entre a gente;

É nunca contentar-se de contente;

É um cuidar que se ganha em se perder.

É querer estar preso por vontade;

É servir a quem vence, o vencedor;

É ter com quem nos mata, lealdade.

Mas como causar pode seu favor

Nos corações humanos amizade,

Se tão contrário a si é o mesmo Amor?

Creio, em minha prepotência, que o amor não é algo que se vê (por isso que na classificação morfológica, geralmente, é classificado como um substantivo abstrato), mas é o que sente, o que traz felicidade. Paulinho Moska em “Que não deveria se chamar amor”, condiciona a ideia que AMOR tem várias facetas, vários significados:

O AMOR que eu te tenho é um afeto tão novo

Que não deveria se chamar AMOR

De tão irreconhecível, tão desconhecido

Que não deveria se chamar AMOR

Esse trecho da música de Moska, entra em consonância com esses sentimentos novos para mim, que são desconhecidos! Nunca senti algo tão profundo, tão magnífico e pleno. Hoje desconsidero qualquer expressão negativa sobre o amor. O amor é lindo! O amor é o sinônimo de encontro de almas. Tenho que pedir até desculpas para um aluno, pois o disse que é bom ser frio para entender e compreender as várias coisas que nos percorrem. Como pude dizer isso a um adolescente? Quero que ele viva a cada instante, a cada segundo, com muito amor no coração.

Sei que a declaração está parecendo um romance de Clarice Lispector, mas tenho tanta coisa para dizer, que fico até meio confuso. Acredito que necessito ser mais enfático.

Quando você me chamou para conversar no Skype achei que você queria conversar com uma conotação sexual, por que o seu perfil da rede social refletiu isso. Com o decorrer da conversa, percebi que você é um cara muito doce, muito amigo e uma pessoa que posso contar todos os meus medos. Lógico que fiquei atraído pelo seu físico, e como fiquei, mas não sou uma pessoa que gosta de alguém apenas pelo seu exterior. Quero mais! Você é uma pessoa que além de ser linda, é alguém muito especial, interessante e também intrigante.

É engraçado que não sou uma pessoa que gosta de conversar por via internet, e muito menos por telefone. O Fábio, quando escrevia algo via internet, eu pensava: “Nossa, que saco! O Fábio quer conversar”. O Murilo, por sua vez, era a mesma coisa. Quando ele ligava, pensava duas vezes para atender. Com você é tudo diferente. Fico ansioso para receber uma mensagem sua e quando o Skype avisa que têm mensagens, minhas mãos ficam frias e minhas pernas trêmulas.

Sei que sou muito piegas e clichê e você deve ter ficado com a seguinte impressão: o cara “romantiquinho” que sonha com amores iguais aos filmes americanos, como o homem que corre atrás da mulher na geada, abraça e a beija e a cobre com o casaco ou ser pedido em casamento ao lado da Torre Eiffel. Ai que vergonha de escrever essas coisas! Lógico que conhecer uma pessoa e logo se apaixonar não é algo tradicional, mas convenhamos, não é bom romper paradigmas? Ás vezes sinto que estou no filme “Mensagem para você”, por que os protagonistas Joe Fox (Tom Hanks) e Kathleen Kelly (Meg Ryan) conversam por via e-mail e se apaixonam.

Estou escrevendo essas coisas por sua culpa! Eu não sei me expressar, não sou uma pessoa que tem aptidão para isso. Sou extremamente tímido, me escondo da luz, por que não gosto de ser o foco. Você trouxe à vontade de me expressar e, pela primeira vez, me declarar. Posso te dizer que você trouxe felicidade ao meu coração, trouxe alegria para os meus olhos. Você me tirou do eixo.

Quando durmo, fico pensando em você, pensando o quão deve ser bom estar perto de você, poder te abraçar, te beijar. Esses pensamentos são a eminência de alguém que foi cativado pelo amor.

Não sei se o amor vai ser correspondido por você, mas quero correr o risco. Amor não pode ser uma linha reta, mas deve ter curvas, ondulações. Não quero que esse amor se torne platônico. Lutarei para ser algo real, condizente com a minha singela definição que o amor é o sinônimo de encontro de almas.

Sei que este texto está muito melodramático, mas é o que está no meu coração. Ás vezes é bom ser subjetivo e deixar a objetividade de lado.

Para terminar, anexei a música “Estou pensando em você”, de Paulinho Moska:

Eu estou pensando em você

Pensando em nunca mais

Pensar em te esquecer

Pois quando penso em você

É quando não me sinto só

Com minhas letras e canções

Com o perfume das manhãs

Com a chuva dos verões

Com o desenho das maçãs

Com você me sinto bem

Estou pensando em você

Pensando em nunca mais

Te esquecer

Eu estou pensando em você

Pensando em nunca mais

Te esquecer

Estou pensando em você

Pensando em nunca mais

Pensar em te esquecer

Pois quando penso em você

É quando não me sinto só

Com minhas letras e canções

Com o perfume das manhãs

Com a chuva dos verões

Com o desenho das maçãs

E com você me sinto bem (...)

Estou pensando em você

Pensando em nunca mais

Te esquecer

Eu estou pensando em você

Pensando em nunca mais

Te esquecer

Antes de terminar, eu preciso dizer algo: EU TE AMO, NÃO REVELADO, NO FUNDO DO MEU CORAÇÃO!

Com amor,

Éderson de Souza

Valinhos, 29 de julho de 2016

Observação: Me desculpe por não escrever isso no Skype. Sou muito tímido.