Diário II

olhar e andar pra frente. deixar a menina ferida pra trás. deixar ela ser livre e tomar o rumo dela. alguém já percebeu? a gente sofre na carne e quem paga o preço é o nosso espírito, é a nossa alma que fica pra sempre acorrentada nela mesma, num eterno looping, que nem um bando de rato na gaiola. a gente quer a qualquer custo preencher esse vazio que em menor ou maior quantidade todo mundo sente no peito, e nessa a gente mal olha o que pega pelo caminho, contanto que nos entorpeça um pouco, ou que nos faça esquecer ao menos por um milésimo de segundo das dores das nossas existências.

eu particularmente nunca soube sequer por onde começar. ser extremamente exigente com assuntos de confiança também não me ajuda muito nisso. ser extremamente meticulosa às vezes é paralisante. é horripilante sentir a todo vapor todas as tuas fraquezas ao mesmo tempo. e lembrar, ter sempre em mente que aquilo ali já é o teu palco. o teu show já tá acontecendo. tá se dando conta? tá aproveitando? tá fazendo exatamente o que você quer fazer? o que você quer fazer? um dia eu vou descobrir, ou talvez não. eu não sei. 

eu não sei mais nada.