Deus e o Diabo – Uma Dialética.

Em meio a vastidão do cosmos, muito além do espaço e do tempo desafiando qualquer lógica humana existe um lugar aonde o tudo e o nada coexiste ao mesmo tempo.

Um lugar cuja mente humana seria completamente incapaz de sequer realizar sua grandiosidade e magnitude cujas descrições são impossíveis de serem feitas, neste lugar habitam duas criaturas tão complexas quanto o próprio universo.

– Então ainda descansas? Mesmo após todo esse tempo? O Que há de errado com você, o que inspira tamanha insolência?

- Comigo? Nada de errado, só estou a refletir sobre minha criação

- Sua criação? Qual delas? Dentre tantas já nem consigo distingui-las

- Aquela, cujas criaturas parecem insatisfeitas

- Hmmm, Oh... sim, você chamou ela de Universo não é mesmo?

Uma das criaturas caminha até uma espécie de prateleira com muitos recipientes triangulares e brilhosos, como um pequeno sol medindo aproximadamente cinquenta centímetros.

A Criatura pega um dos recipientes com todo o cuidado do mundo e entrega a outra criatura que a recebe.

- Oh... SIM... Universo, uma das minhas piores e mais desprezíveis criações.

- Então está arrependido não é? Este é o problema quando se cria coisas demais, acabas esquecendo das outras.

A criatura então, vira todo o liquido brilhoso do objeto, em um recipiente um pouco maior e diante de seus olhos e da outra criatura, todo o nosso universo é exposto, desde o Big Bang a última criança nascendo neste exato momento.

- O Que há demais nessa criação?

- Nada em particular, assim como todas as outras, as criaturas matam-se constantemente

- Então.... Qual é o problema? Por que essas criaturas ainda te tiram o sono?

A Criatura se afasta, e vai em direção a uma espécie de janela e ao observar por esta janela. Avista milhões e milhões de outros mundos em pequenos recipientes que flutuavam do lado de fora

- Eles ainda não foram extintos (...) então acho que falhei, a graça em tudo isso é ver estes pequenos animais gritando por mim em seus últimos segundos de vida, de forma tão desesperadora e egoísta que nunca imaginem a vastidão de sua insignificância

A Outra criatura de supetão começa a rir, e ri tão alto que os ecos de sua risada abalavam a estrutura do local uma risada maligna e assustadora

- Você rindo? Qual é a graça? Durante toda a eternidade passou quieto como minha sombra! CALA-TE! Não permitirei que ria dos meus erros. Eu criei a fé, justamente para que estes animais criassem versões de mim que lhes dessem esperança quando na verdade, a única coisa que estariam recebendo era o caos e o desprezo! Foi assim que aniquilei infinitas criaturas, em infinitos mundos! não ria agora porque eu falhei em um único jogo!

A outra Criatura continuava rindo sem parar, gargalhava, e debochava do criador

- Por que está rindo? Gritou a criatura furiosa.

- Eu dei-lhes a razão e o conhecimento essas ‘criaturas’ agora tem uma arma capaz de te apagar da história, essa vai ser a espécie que vai sobreviver! Logo eles irão criar ferramentas capazes de responder todas as suas perguntas... e a necessidade da fé irá desaparecer completamente!

Furiosa a criatura grita

- COMO OUSA ME TRAIR? A Razão e o conhecimento são frutos proibidos! APENAS NÓS OS DEUSES TEMOS O DIREITO DE CONHECER!!

Sem se importar com a situação a outra criatura continua a gargalhar e em meio suas risadas sádicas, ela diz em um tom maléfico

– E Quem o nomeou deus? quem deu a você o direito de criar a vida só para vê-la sofrer?

Um silencio toma conta do ambiente e um grito de autoridade ecoa da criatura

- EU ME NOMEIO DEUS!!

Uma cratera se abre no solo e a outra criatura cai, sendo banida completamente!

Então Deus a aprisiona naquele universo, ainda furioso grita

- Se queres trazer a luz, então nomeio-te Lúcifer!!

Gerson De Rodrigues
Enviado por Gerson De Rodrigues em 13/03/2018
Reeditado em 20/09/2018
Código do texto: T6278837
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