Depois.

Devido aos amores que teve em sua vida ela aprendeu a fazer seus próprios curativos. Isso a fez mais forte, mas não invencível. Ela ainda se machuca, ainda chora, ainda sofre e coloca Sam Smith pra tocar enquanto chora relembrando momentos de quem partiu, ou de quem ela teve que deixar para trás.

Ela cuida tão bem de seus machucados que as cicatrizes são quase imperceptíveis, e quem não a conhece bem pensa que ela nunca sofre.

Ela viveu abraçada a cactos, à espinhos que a machucavam fundo, e ainda assim ela queria ficar porque nunca foi de desistir fácil. Ela era o tipo de pessoa que ficava ao lado mesmo com tudo desabando. Era o tipo de pessoa que abraçava a dor do outro e fazia dela a sua dor.

Ela partilhava, ela se doava quando ninguém mais estendia a mão para o seu afeto.

Mas hoje, enquanto ela fazia mais curativos devido a novos ferimentos causados pela saudade de alguém, ela se deu conta de que havia sobrado um pequeno espaço em seu corpo. Era o único que ainda não tinha uma cicatriz. Então ela deu um tempo. Respirou e decidiu que ali naquele pequeno espaço cercado por cicatrizes profundas, ela guardaria para alguém que não a machucasse.

Ali naquele pequeno espaço ela plantaría o amor, o real, imutável e pleno.

Aquele espaço agora está reservado para o amor que vai chegar. E ele não vai chegar agora, amanhã e nem semana que vem. Ela ainda não está pronta.

Ela quer fazer uma viagem profunda dentro de si mesma, quer domar seus medos, seduzir a coragem, flertar com a emoção.

Ela quer ser sua própria raiz, seu próprio fruto. E quem chegar verá um pé carregado de amor, felicidade e completude.

Não há mais espaços para cicatrizes.

Texto de: Cristina Moraes @icmmoraes

Cristinna Moraes
Enviado por Cristinna Moraes em 14/03/2018
Código do texto: T6280079
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2018. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.