Ex-amores, próteses.
A união de dois ex-amantes, assim como um organismo que rejeita uma prótese ruim, pode ser complicada. A antiga e intima união dos membros fora rompida, e não há relação simbiótica bem sucedida que aporte tamanha estranheza do novo membro.
Por mais que compartilhem semelhanças, são muito diferentes em seus porvires; passaram por diferentes processos e experiências que lhes deixaram marcas. O mutualismo se foi, nunca se unirão por completo novamente. E se assim continuarem, viverão de feridas abertas, suturas e opioides.
É um processo dolorido; o corpo se consume, se destrincha, se remenda por completo na tentativa de sustentar o membro estranho, na esperança de reconquistar o que havia perdido perdido. Eventualmente, sofre falência do coração e morre. Mas a prótese continua, até que ache um corpo compatível — ou não.