Eu AINDA quero você

Sabe, às vezes ate os mais duros tem sua dureza derretida ou rompida um pouco...

Um momento em que parte de si escorre pelo rosto, em gotas, filetes ou cachoeiras...

Muitas vezes consegue-se conter, guardar, armazenar, segurar, não deixar sair.

De tanto guardar, de tão cheio que dessas muitas vezes que não deixamos escapar, seja pelo quantitativo de pessoas ao redor, seja por ainda conseguir ser forte e resistir, mantemos os níveis internos elevados...

Uma hora ou outra transbordamos...

Uma hora ou outra algo faz com que a proteção da dureza tenha farelos arrancados. Como uma pedra dura que se desprende grãos de si.

Uma hora ou outra algo faz com que o calor da situação consiga derreter o tão rígido bloco duro. Como um bloco enorme de ferro que com o calor grande escorre uma gota ou filete.

Uma hora ou outra tudo armazenado sai, sai com se tivesse uma BOMBA impulsionando toda aquela lagrima a sair... Não são mais gotas. Não são mais filetes. São cachoeiras, duas cachoeiras que foram um rio, que deixam marcas, nas cartas, nos computadores, nos celulares, nas roupas, nos braços, mãos, dedos, guardanapos, nos travesseiros e ate em rostos e peles alheias...

Não adianta unir os lábios, apertar os dentes, olhar para cima, tentar engolir seco, essa é incontrolável. Vai esmurrar para sair.

Vem o arrepio em todo o corpo, a respiração já é dificultada pelas narinas, a boca é a passagem principal do ar, e onde o gosto salgado e salobro já se faz presente.

Os mais altos limites chegam quando os olhos não mais conseguem ficar abertos constantes, e as inalações e puxadas pelas narinas mais intensas, e os sons saem pela boca em forma de gemidos e "por quês".

Agora se não bastassem os olhos e o interior, as narinas buscam contribuir com o riacho... Agora exteriorização esta completa...

A Parte boa disso tudo é que é passageiro, passa reativamente rápido.

As mãos, os braços, o guardanapo, a roupa, o travesseiro ou mesmo outras mãos, enxugam o rio, secam ele novamente.

Uma trégua, uma pausa, para que tudo volte. Talvez não hoje, não amanhã, talvez dias, meses, anos, ou quem sabe horas.

O transbordamento não tem hora, dia ou momento certo, ele acontece você não sabe previamente quando será acometido ou quando esta BOMBA vai entrar em ação, ela liga e jorra.

A parte boa disso é que é passageiro, passa relativamente rápido.

Aprendemos tantas coisas com essas gotas, filetes e cachoeiras... Vemos tantas coisas passar, tantas coisas acumuladas, tantos pesos, tantos receios, medos, e esperanças algumas lembranças...

Contudo, os grãos deixados da raspagem não é a pedra inteira é uma minúscula parte dela, as gotas e filetes, do aquecimento não é o bloco inteiro, e uma ínfima parte dele, mas, No entanto, o que dentro transbordou, saiu lavando tantas coisas e lugares, e esse sim levou boa parte das coisas, não deixando as coisas como antes muito menos intactas, pois carregou grandes coisas para o grande rio.

Aprendemos, já que mais aliviados, a depois que tudo secar, e as coisas acalmarem-se, a saber, uma melhor maneira de se organizar as coisas, ter uma visão mais critica do que colocar nos lugares, só que devemos realmente deixar entrar em casa, seja para decorar nossas vidas, seja para tomar um café, sentar na sala ou dar uma olhada no jardim, no por do sol, aguardar as estrelas... Ou simples e grandemente, selecionar quem entra na porta que dá para o mundo, outro mundo, quem vai entrar naquele mundo que é quase intocável, impenetrável. Aquele mundo que se chama sua vida, que já vou tremido algumas vezes e que ainda precisa de cuidados, consertos e curativos. Esse mundo não precisa de varias cuidadoras, ele precisa de uma, que acalme, que cuide, que trate, que ajude, que transmita paz, bem estar, calmaria, brilho.

Que traga vontade de amar e cuidar, mesmo que seja pouca, ou quase nenhuma, (quase nenhuma ainda é alguma coisa, mesmo que pequena), é dos pequenos cuidados que precisa o coração e a alma.

É da iniciativa que precisa a chance...

Alguém bate a porta, cabe a você atender ou deixar ir. Boa escolha!

-- Fernando Lêdo

"Eu AINDA quero você"