O endeusamento de si precede ao próprio caos humano interior.

"Comumente,seja pela alta quantidade de fotos que se tira, ou qualquer outra forma de se expor há uma necessidade que se tem de gravar todos os momentos e de mostrar um certo padrão, inegável a naturalidade desta conduta. É mais que um culto ao corpo, é o vício da autopromoção, um endeusamento de si e em demasia, o que, na verdade, precede o caos humano que se vive, a falta interior de algo ou de alguém, de uma companhia que preecha o vazio interior que há dentro de si.

Neste instante usa-se as redes sociais para ostentar, fingir, demonstrar a não-verdade do que se sente,buscando o maior número de curtidas e comentários; só querem ser aceitos. Está-se num jogo em que as relações humanas estão fragmentadas, as pessoas não confiam nas outras e fogem para as redes, a fim de serem aceitas, o que as obriga a agir conforme as exigências dos grupos a que pertecem.

São jovens tão imaturos, adolescentes que andam sem rumo. Não foram preparados para receber um "não", não tem paciência para insisitir nalgo. Rápido desistem, logo mudam de direção. E as carências interiores continuam neles, não são sanadas e só se agravam com o tempo. As indivualidades afloram dia a dia e milhares deles optam por viver só. O que induz a uma gama de suicídios e desesperos, não se aguentam. Alegam não encontrar as pessoas certas para a perpetuação dos seus relacionamentos quando, na verdade, não conhecem a si mesmas, elas mesmas é que não se aguentam, não podem ficar sós.

São pessoas que até hoje não se acharam na vida. E assim caminham fingindo existência, felicidade e dignidade, quando, na real, sentem-se frustradas não se sabe propriamente com o quê.

Se analisados, são jovens que tudo tiveram, nada foi-lhes negado. Mas tem quase que uma aptidão para decepções, oscilação de humores, o que rápido se transforma em doença e logo os incapacita para a vida; que fragilidade.

Ao tempo em que se mostram tão viris e belos, corpos esculturais e sadios, são vulneráveis a garra que a vida exige. Não herdaram a força dos seus pais que, afora as necessidades e sofrimentos enfrentados souberam ultrapassar as barreiras da sua juventude, as agruras do seu tempo de escassez e hoje vivem de cabeça erguida. Não se faz mais jovens como os de antigamente. Acorda meu povo a vida é real e exige menos ficção e mais comprometimento, não dá para se vitimizar a todo instante nem ir ao analista sempre que estiver diante de uma dificuldade."