Transforme sua Solidão em Amor

Uns mais cedo do que outros, nos tornamos os melhores e mais autorizados intérpretes de nós mesmos. As amizades perdem força basicamente por isto. Cada vez precisamos menos de um referencial externos que nos confirme em nossas decisões e preferências.

Alguns mais cedo outros mais tarde, é o caminho inevitável da maturidade. Encontraremos muitos colegas, amizades circunstanciais e possíveis roubadas, mas a tal amizade característica da juventude raramente será vivida.

Então ficamos com nossos parentes mais próximos, a mão e o pai são revalorizados, afinal muita coisa que nos chateou na juventude de suas ordens e mandamentos são agora compreendidos claramente a luz da maturidade.

Percebemos também a diferença entre ser e parecer. Muito sofrimento, decepções e desilusões nos fazem enxergar sabedoria mesmo que ela esteja coberta de humildade e simplicidade. Desconfiamos da aparência, pois podemos ver a verdade de cada um de forma mais clara e direta nos olhos.

Somos mais objetivos em nossos projetos. Não buscamos uma identidade, uma causa ou um propósito existencial. O que nos faz pensar em novos sentidos para as amizades e o que buscamos nelas.

Sentimos falta da amizade sim, mas de amizade que nos amadureça ou facilite esta maturação. Não precisamos mais de turmas ou gangues para nos motivar a enfrentar a vida, já a enfrentamos e a vencemos dentro das possibilidades de cada um.

Ao ler inúmeros comentários de pessoas solitárias vi muito mais pedidos de ajuda do que realmente de amizades. Vi muitos jovens que estavam perdidos neste mundo, sem estarem preparados para a verdade angustiante de que agora é cada um por si. As gangues se dissolveram, as turmas se separaram, uns formaram famílias outros foram estudar fora.

Este enorme medo da vida foi resolvido por diversas formas. Mas alguns não conseguiram ainda encontrar o seu caminho. Me lembram aqueles pássaros que tiveram que largar o ninho sem ainda saberem voar.

As vezes penso que deveriam ser criados clubes de pessoas solitárias ou com dificuldades de se encontrarem na vida. Vejo tantas pessoas com tanto a dizer e outros tantos precisando e querendo ouvir - o problema é que não se encontram.

Estes dois passageiros da vida são diferentes dos demais. Enquanto estes já se encontraram, pelo menos provisoriamente na vida, estes dois não.

Um esta completamente perdido diante da ganância, do egoísmo e da rapidez do mundo. O outro não encontra quem se interesse por sua experiência e sabedoria desta vida, por que os outros tem pressa, querem para agora ou preferem ter por si mesmos.

Vi nestes comentários de fóruns estes dois viajantes solitários que por razões opostas estão sozinhos neste mundo e por um acaso infeliz não se encontram. Aquele senhor ou senhora que contam inúmeras histórias de vida, lições de maturidade e aqueles jovens se encontram completamente desorientados.

Isto nos responde também sobre onde estão as pessoas boas neste mundo. Estão sozinhas por que não fazem parte da dinâmica deste mundo por serem contemplativas e pouco competitivas. Estão sozinhas por que não encontraram lugar num mundo competitivo e egoísta.

Os demais estão ocupados em competir por dinheiro, status, sexo, afeto, fama, etc. A entrega delas nestes objetivos as fazem esquecer todo resto, que é aquilo que não interessa de imediato aos seus objetivos: o amor da mulher, dos filhos, a natureza, a conversa jogada fora, a solidariedade, o ajudar por ajudar, não dão dinheiro, fama, status, sexo, etc.

A vida passa gastando tempo e recursos com o que menos importa. Jogamos fora os momentos únicos em que conversamos com as pessoas, que cuidamos dos filhos e damos atenção aos que nos amam. Todo este tempo foi também oportunidade para amar e ser amado, fazer as pessoas acreditarem novamente no amor e de reconhecer o milagre que é a vida.

É preciso pensar naqueles jovens desorientados que ouviram pouco de seus pais ou ouviram muito mas não o necessário para enfrentar a vida. Parte deles tiveram de tudo, menos uma boa conversa e o sentimento de que não estavam sozinhos nesta aventura arriscada que é a vida.

Ao que se sente solitário, pode ter certeza que há tanto os que precisam ouvi-lo quanto aos que querem que você ouça. São muitos os necessitados.

Se você sente tanta falta assim de gente, não de usá-las como meios para certos fins (isto a maioria já faz, usa seu emprego, usa seus amigos de festa, usa sua esposa e usa seus filhos para sentir algo superior), ame as pessoas principalmente as difíceis, pobres de espírito, as tímidas e as que pouco podem te oferecer de status ou contatinhos importantes.

Estas pessoas são aquelas que foram rejeitadas pelo sistema do mundo e por isto se encontram sós. A sua solidão pode ser motivos contemplativos e a sua sabedoria e sensibilidade podem fazer um bem muito grande a estas pessoas e dar uma nova razão para você ser o que é.

Wendel Alves Damasceno
Enviado por Wendel Alves Damasceno em 30/04/2018
Código do texto: T6323611
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