O poder de lança-lo no lixo.

Restou apenas um papel amassado

Para interromper os devaneios mentais que me cercam incansáveis

Algumas das suas dobras lembram-me a parte esquerda da camisa que vesti, logo após ter acordado no impulso obrigatório

Que nas manhãs, me estapeia sem dó algum.

Este papel contém marcas de uma caneta que rabiscou versos soltos, Mas com uma intensidade surreal, interrompendo o manifesto do poeta

fazendo-o, lançá-lo no lixo

Já que o mesmo não poderia jogar-se no chão e chorar

Os amassos deste papel cabem tão bem em minhas mãos, assim como a Mechas caracoladas dos meus cabelos

Eu o amasso suavemente pois ele contém um certo tesouro

Pode ser um número de telefone que prometi retornar

Ou a senha que abrirá os portais que libertam-me de mim mesma

Jogando-o de uma mão para a outra, assim como jogo-me de um corpo para outro

Sem me abrir

Sem revelar o segredo

Percebo que a beleza segregada não é abrir este papel

E sim poder lança-lo no lixo, com a certeza de que nada foi perdido

Adriane Neves
Enviado por Adriane Neves em 22/05/2018
Reeditado em 24/05/2018
Código do texto: T6343130
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