Totalidades

Sempre fui de totalidades, de pôr corpo e alma em tudo que me faço presente.

Não sei ser meio termo, ter meias palavras, meios abraços.

Sinto que sempre estou completa para as pessoas, me entrego por completo em qualquer nível e tipo de relação. Porém, as vezes, quase sempre me questiono se as pessoas também os são para mim.

Sinto que as vezes o manto da invisibilidade me cobre o corpo, e eu fico ali, dispersa, apenas a observar o quão os outros são distantes. Distantes de mim e deles mesmos.

Com tudo isso aprendi e sigo aprendendo que aquele clichê que diz para não esperarmos retribuição está mais do que correto.

Se você liga não espere retorno. Se mandou mensagem espere silêncio.

Estamos constantemente sendo abandonados emocionalmente, magoados e decepcionados por quem mais amamos. As pinturas sociais descascam, não conseguem se manter eternamente, na verdade não se mantem se quer por um curto período de tempo.

Suspiro hoje com um misto de cansaço. Cansaço de me deparar com a verdade a cada manhã e nada conseguir fazer a respeito.

O ruim de toda essa totalidade é se sentir dentro de um vidro ou fora dele, alguém que apenas observa, analisa e descobre, mas não age.

Sentir a inércia do corpo em contrapartida com o querer se entregar. Sentir as mãos tocar o vidro sempre que quer tocar.

Sentir toda a totalidade se esvair e ir embora bem devagar.

Liesel
Enviado por Liesel em 23/05/2018
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