A grama do vizinho não é tão mais verde assim

Momentos amargos de angústia e dúvidas são extremamente necessários para que amadureçamos ideias confusas que passam por nossa mente, vez ou outra. E em muitos momentos, somos confrontados com a ideia de que nossa vida seria muito melhor se tivéssemos feito escolhas e tomado decisões diferentes. E essa ideia é perigosa: através dela, nossa mente cria ilusões que tiram o brilho, já tão desfocado, da realidade concreta, criando uma sensação de insatisfação e infelicidade. Mas algumas reflexões são necessárias para que esse peso se amenize e possamos aceitar a vida que realmente temos com mais resignação. Se tivéssemos tomado decisões diferentes — mesmo que elas resultassem em coisas boas ou não — será que esses questionamentos não passariam pela nossa mente da mesma maneira? Muito provavelmente, sim. E isso se dá pelo costume enraizado que temos de achar que nada, nunca, está plenamente bom como deveria ser. É o nosso defeito de olhar para a grama do vizinho como se ela fosse mais verde e viçosa que a nossa, quando na verdade é tudo uma questão de iluminação. Vemos nossa grama de maneira mais ampla, com todos seus defeitos e questões, pela posição de protagonismo que exercemos diante dela; já a grama do vizinho não tem a mesma luz analítica sobre ela, por isso só vemos a parte que nos convém. Não se torture por ilusões de óptica.