Tempestade
O vento soprava furiosamente do lado de fora fazendo as janelas velhas de madeira reclamarem e baterem nas paredes de pedras brutas do lado de fora. Enquanto as cortinas brancas dançavam um balé impecavelmente lento.
O céu negro escondia todas as estrelas, pensei que ele estivesse as protegendo da tempestade que o vento anunciava. Fechei os olhos e senti o cheiro frio que vinha da floresta que rodeava a casa.
Descalça e vestindo somente uma camisa branca e uma calcinha confortável e velha eu me senti entregue a algo naquele momento.
Meus cabelos me davam a sensação de aconchego envolvendo meus braços e quadris.
Fechei as janelas assim que a chuva se derramou inteira em cima do telhado e quase que em transe caminhei até a porta de madeira azul, toquei sua maçaneta fria e girei vagarosamente, a força do vento abriu a porta para mim como um convite e eu aceitei.
Meio tímida eu pisei na soleira e meus pelos se arrepiaram, caminhei como se todo o tempo do mundo me pertencesse naquele momento.
Alcancei a grama e meu corpo respondeu ao estimulo entrando em estado de graça, então eu lentamente abri os meus braços me lembrando a todo momento das cortinas dançando com o vento.
E ali de braços abertos deixei a chuva lavar todo o meu corpo, toda a minha vida e alma.
Eu era a própria chuva, o vento e as cortinas. Eu era o caos de uma noite tempestuosa e ao mesmo tempo a calmaria de quem se abriga num peito amigo.
Boa noite! :)
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