Mergulho

"Acho que me apaixonar por ele seria como mergulhar em um precipício. Seria ou a melhor coisa que me aconteceria ou o erro mais idiota que eu cometeria. Faria com que minha vida valesse a pena ou com que eu me chocasse contra as pedras e me arrebentasse completamente." - AMDT

E eu mergulhei.

Sem saber nadar, sem saber boiar, sem enxergar uma margem, uma ilha, um bote salva vidas que fosse.

Mergulhei de cabeça. "Quão lindo deve ser lá embaixo. As incríveis sensações de estar apaixonado."

E então, me choquei contra as rochas.

Culpa dele? Acho que não.

Culpa minha? Não sei.

Culpa do mar no qual mergulhei? Pode ser.

Culpa das rochas que haviam lá embaixo? Principalmente.

Talvez eu tenha mergulhado antes da hora, sem o preparo que precisava. Talvez, eu pudesse sim esperar, até conquistar o conhecimento necessário para sobreviver às rochas.

Se o mar não tivesse tanta pressa em me ver mergulhar...

Eu mergulhei, de cabeça.

Mesmo tendo que sair após um banho de água fresca. Como quando pulamos na piscina e sentimos o corpo pouco a pouco se acostumar a água fria, tornando-se quente e agradável, não surgindo a vontade de sair. Mas ao fazê-lo, sentir o vento frio, ter que se secar e seguir, esperando então a próxima chance. O próximo mergulho...

Eu mergulhei.

Mesmo com as feridas sangrentas causadas pelas rochas. Mesmo com os afogamentos, por não ter aprendido a nadar em águas turbulentas e maré alta.

Mesmo engolindo água salgada, perdendo a respiração, sentindo frio ao sair dela e ver o mar se afastar algumas vezes...

Mesmo assim, eu continuo mergulhando, pois só eu sei o quanto essa água me revive.

09.07.2018