A NAU EM UMA TORMENTA

De repente a nau ao mar adentra

Grande, forme, firme,

poderosa estará protegida

de mar bravio

Segue solenemente

todos ali festejam,

bem alegres, sem temores.

Mar adentro, já bem longe do cais

a cidade a muito não se vê as luzes

madrugada, bêbados homens e mulheres

se recostam nos cantos

para se amarem

Tudo tranquilo, mar calmo,

todos já dormem

Um uivo, uma sirene

corta o silêncio da madrugada

Mar revolto, ondas altíssimas,

chuva, vento forte

Gritos de socorro,

gritos dos comandantes

corre corre da tripulação

para não deixar afundar o navio

Uma alma em silêncio

num canto se recosta,

escondida, ajoelha e ora.

Os gritos, o barulho terrivel

do mar bravio assusta

passageiros e tripulação,

mas aquela pequena alma, não.

Ameaçaram jogar coisas ao mar

Precisavam esvaziar pra o navio

não pesar? Ou era já a água

a invadir o navio que o ja

queria levar ao fundo?

Desespero, choros, gritos,

desmaios, arrependimentos,

alguém se lançou no mar gelado.

Mas por quê? Perguntaram tantos...

Medo de viver, responderam alguns

E a tempestade passou,

Os estragos foram sendo

concertados, o navio seguia

com o dia ensolarado

Somente uma vida se perdeu:

- Aquela que desistiu!

Porque desistes assim? Que tantos horrores há que não se possa resolver, conversar, perdoar? Quais foram as oportunidades perdidas?

Se houveram, porque já não existe mais?

Estamos vivos, não desistamos da vida, não desistamos de viver o que tiver que ser vivido, não desistamos de amar.

Dentro do amar tem o perdoar e o reconstruir. Sigamos, a vida pede amor. E isso eu sei que tenho para dar.

Quer que eu te peça perdão? Porque eu já te perdoei.

"A humildade vai adiante da honra", e a ela segue o amor, a fraternidade, a empatia, a solidariedade, o perdão, o arrependimento,

a esperança de vida e salvação.

Desistir sem lutar? Por quê?

Nesse momento revolto, me ponho a orar.

Amanha será outro dia. Talvez eu resolva contigo falar.

Não sei, tô com medo...