COMPLEXO DE ÍCARO

E de repente, lá do alto... caí

E despenquei

Visto que por demais subi... e subi... e subi

E assim... desci...

Na verdade, aonde fui... despenhei

E no chão... esborrachei

E a vida, ah, como agora ri de mim!

A gargalhar de minha lastimosa ruína

Mas, para quê deveras quis estar-me lá em cima?

Apenas por vaidade?

Mesquinha ostentação?

Quando me ergui de minha mentiros’altura

No falso aclive de meus anseios

E já de lá eu me perdi

Cegueira d'alma

Perfeição!

Ser melhor!

Quão grande arrogância!

Ah, e eis que caiu o mais lindo de todos os anjos!

Ou como Ícaro a voar com suas asas de cera

Coitados!

A precipitarem-se do mais alto dos céus

E como ambos se feriram!

Ah, nefasta loucura!

Oh, ridícul’orgulho!

Todavia, quantos querem lá no topo do mundo... estar

Não tanto lá em cima,

Mas somente acima... d'outros

Humildade!

Quantos não vos amam!

E portanto, o Poder não merecem

Porém a vida pede a perfeição

Ao que o próprio Cristo a sugere:

“Sede perfeitos...”

Todavia, para quê?

(ao que retorno à questão)

Ser melhor

Para a outros

Vede o que decerto se deve

E jamais ser... melhor... do que... os outros

Alguém teria a coragem de descer de seu topo... se seu tolo ego?

Estevan Hovadick e Terezinha Evangelista de Sá Gomide
Enviado por Estevan Hovadick em 28/08/2018
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