Sobre a tirania dos "libertos"

Outro dia, em conversa com uma amiga, ela me questionou: será que os ignorantes se tornaram maioria? Eu pensei por um instante, mas por fim minha conclusão foi de que não. Acredito que as pessoas coerentes e que prezam pelo bem comum ainda são maioria. O que ocorre na verdade é que pessoas conscientes se questionam, enquanto os ignorantes não. Então estes tendem a se manifestar mais e de forma mais incisiva. Só os ignorantes são adeptos das verdades absolutas, então sempre estão na linha de frente impondo suas opiniões e contestando tudo o que se mostre diferente de suas "verdades". Os ignorantes nivelam por baixo tudo o que represente ameaça às verdades que lhe são tão confortáveis. Não me entendam mal, gente consciente também se manifesta, e muito! E como é lindo quando elas o fazem... É quando temos a oportunidade de ver lados muitas vezes contrários ao que defendemos, mas ainda assim podemos dizer: "É um ponto de vista interessante!" Gente assim é capaz de mudar pensamentos e cativar adeptos às suas causas. Gente intolerante e intransigente consegue apenas antipatia à sua causa e inimizades. E estas pessoas têm plena certeza de que as pessoas que perderam no que consideram uma guerra do bem contra o mal, significam uma perda calculada de quem busca a "justiça". Uma espécie de separação entre o joio e o trigo, onde incontestavelmente elas são o trigo da mais pura qualidade. É uma consequência da liberdade de expressão conquistada, sem a maturidade necessária para que esta liberdade seja utilizada com responsabilidade. Neste contexto, não passamos de crianças autocentradas e egoístas. Reagimos com "birra" a quem nos contesta, e nos voltamos uns contra os outros. E cada vez mais as pessoas com o mínimo de consciência se sentem desmotivadas a opinar, porque enxergam sua impotência diante da insanidade desenfreada. Meu relato pode parecer pessimista, mas não se enganem. Eu vejo este movimento de forma muito positiva. Estamos em um momento muito novo, onde passamos a nos preocupar com coisas que até então víamos com indiferença. Ainda não atingimos a serenidade de quem tem a liberdade e a própria força como algo consolidado. Temos muitos traumas, fomos muito machucados até chegarmos onde chegamos. Ainda estamos na fase de estranhamento em descobrir o que pessoas de quem sempre fomos muito próximos pensam, e algumas descobertas são assustadoras. Ainda nos esquecemos de que quando brigamos por democracia, isto implica em conviver com a opinião do outro. Que paralelo ao seu direito de falar, está a obrigação de ouvir e aceitar o que os outros têm a dizer, mesmo não concordando. Mas acredito que após esta "ansiedade" em mudar tudo em um único dia, entenderemos que a democracia e a liberdade são conquistas a serem "degustadas" no dia a dia. E neste dia, aprenderemos a nos respeitar!

Cassia b
Enviado por Cassia b em 05/10/2018
Reeditado em 06/10/2018
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