A dor de Prometheus

Não sabia quem eu sou. Agora sei. Na verdade, sei a desprezível grandiosidade da minha existência, tendo apenas 13% do que sou.

Dói saber que minha primeira e supérflua sensação de proteção sempre será apenas mais uma das minhas aventuras dento do meu denso e vazio inconsciente. Deixei-me subjugar aos outro a fim de sentir aquilo que sempre desejei. Em meio ao todo discurso de não confiança, fui capaz de tê-la. Assim, o monstro devorador de minhas entranhas acordou e, pelo visto, sua fome ainda não saciada foi. Toda vez que o vejo, sinto um pedaço sendo mastigado cruamente na boca de um macabro ser tentando me avisar para parar.

Tento, tento e tento. Mas para nenhum lugar vou. Quando penso estar atravessando a floresta de minha aventura, ele me puxa para dentro bruscamente com um leve e discreto gesto que conquista toda a imbecilidade do meu “Isso”. Caio em seus braços confortáveis e noto sua indiferença ajudando o amedrontador devorador que assombra o meu receptáculo a consumir toda a minha luz e suposta alegria, deixando-a inteiramente esquartejada e sem chances de ressuscitar para um outro.

Um leve toque, uma leve lembrança, qualquer coisa. Tudo isso me faz acreditar na existência de algo entre nós. Canso todas as noites de tentar traduzir os seus movimentos a fim de acostumar-me a viver nessa mata. Espero, portanto, uma deixa dele para saber se há alguma reciprocidade, mas sei que não tem nada, a não ser aproveitamento e coincidências misturadas ao grande universo de clichês em minha cabeça. Cada partícula do meu ser tenta juntar os pedaços de minha alegria assim como Isis e seu amado Osíris. Contudo, tenho conhecimento de que só poderei recompô-la quando a distância for estabelecida. Preciso me libertar, me soltar. Sou um aquariano que almeja a libertação mas me prendo a um história qualquer, julgando-a por ter iniciado meu auto reconhecimento, sendo a fonte de toda a dor que substituiu a alegria.

Em meio a toda essa guerra de titãs e deuses em mim, agradeço-a estar ocorrendo. Talvez seja masoquismo, mas sei que sem ela nunca permitiria meu lado aquariano se soltar. Assim como toda guerra, sei que terá fim. O horrendo fim, terminarei sozinho como sempre estive, mas escondia bem. Serei sem ninguém, mas ao menos serei eu, reconhecerei todos os outros 87% que me compõem. Conseguirei ter a alegria de volta, todavia, quando quaisquer lembranças virem a tona, automaticamente, esse sentimento se refugiará no seu esconderijo desconhecido por todos, fazendo com que eu entre em mais uma busca por ele,espero, contudo, um “outro”, entrando novamente, em mais uma batalha cheia de mortes e desespero.

matador de espectros
Enviado por matador de espectros em 09/10/2018
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