Sobre fogo e raízes

Eu vou arrancar toda a tua raiz do meu coração.

Eu vou..

Por que desde o inicio já estávamos fadados a cair, como dois anjos que se apaixonaram e rebelaram-se contra si mesmos.

Eu vou dar um puxão, como quando fazemos com um curativo.

Rápido.

Com pouca dor.

E eu sei como eu ando evitando todas as músicas que lembram nós. E sei como tenho te expulsado e apagado a tua imagem dos meus pensamentos.

E desde o início tudo já estava decidido. Tudo sempre esteve acabado. Era apenas eu querendo que uma obra finalizada tivesse retoques eternos.

Dia após dia, eu empurrava tuas raízes para dentro de mim, como se nessa ânsia você pudesse se unir a mim. Como se tudo, então, tivesse um significado que eu não podia ver, mas que eu sentia que estava ali.

Não estava.

E quer saber? Eu te amei. Muito. Desejei que fossemos a porcaria de uma alma gêmea. Até entender que somos todos inteiros e não metades. Até perceber que era apenas eu que colocava madeira no nosso fogo.

Eu matei as nossas borboletas. E às vezes elas tentam renascer, mas já tem outras ocupando os lugares vagos. E essas eu estou criando por que quero. Por que assim decidi que merecia essa chance. Com alguém que goste de mim, que combine comigo. E mesmo que o incêndio que eu tinha com você ainda não se compare com essa fogueira que o outro me oferece, eu sei que posso me enlouquecer e colocar fogo em tudo o que um dia você me representou, e criar um vulcão com esse outro alguém. E eu vou tentar, e conseguir.

Não duvide jamais do quanto eu te amei, mas eu não mereço sofrer assim por alguém que nunca vai vir, realmente, para mim.

Vá embora e me deixe ser feliz.

Seja feliz também.

Me deixe amar outra pessoa, eu já não te quero mais.